segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Reino da Alegria

Em um tempo não muito longe, existiam algumas princesas enclausuradas em seu próprio castelo. Já na flor da idade, passavam horas na frente do espelho do passado onde tentavam vestir o melhor vestido, fazer o melhor penteado, a melhor pose, tentando assim evitar os erros e as dores que olhar pra si mesmas traziam.
Preocupado com a atual situação mundial, o Rei de um Reino não muito distante dali, encantado com a beleza daquelas meninas e de tudo que elas poderiam oferecer ao mundo caso estivessem no lugar certo e em meio as pessoas certas, convidou-as pra morar em seu Reino. Lá, ele dizia, haveria paz, união, fertilidade (se é que vocês me entendem) e inúmeras festas nos arredores de seu castelo para que assim elas esbanjassem tudo que criaram e adquiriram até então e dentro do mesmo, mas aquelas seriam festas só delas e seriam as melhores, ele dizia. Foram.
Em menos de um mês, as moças estranhas uma à outra se tornaram irmãs. Claro que continuavam amando o Reino de onde vieram, seus pais e seus sotaques, entretanto, foi fácil deixar pra trás tudo aquilo tendo em vista tudo que estavam ganhando. As festas no castelo eram mesmo tudo aquilo que o Rei prometera, a paz e a união se faziam a todo instante, inclusive nos finais de estação quando havia escassez de alimento e todas elas decidiam dividir o mesmo quarto enquanto arrancavam os cabelos bem penteados tentando arrumar uma maneira de conseguir algum fruto em alguma árvore perdida de quem tomou cuidado pra tê-la, prometendo que na próxima estação prestariam mais atenção as suas mudas de frutas, legumes e flores. Sim, elas se alimentavam de flores, era isso talvez que dava à elas todo aquele brilho, alegria, toda a beleza que era tão invejada por todos os outros reinos. Não faziam por mal, não era forçado, era só que descobriram que quando mais dividam suas vidas, mais a vida melhorava, quanto mais se compartilhava, menos saudade sentiam da parte boa do que eram antes de se encontrarem, menos falta de si mesmo era lembrada.
Com o passar dos meses já era notável a mudança em seu reflexo, elas não viam mais os seus respectivos passados com tanta amargura, até porque, agora o espelho do passado também refletia os momentos em que confabulavam sobre a vida e admiravam os tornozelos dos príncipes da janela de seus quartos. Decidiram que não iriam mais embora dali, queriam criar raízes, crescer cada dia mais juntas. Até que...
Bem, dizem que nos contos de fada, no final a gente encontra um príncipe encantado e vai embora. E com elas não seria diferente. Cada uma encontrou o seu príncipe encantado, seja ele em forma de gente ou em forma de sonho de estudo e futuro, casou-se, mudou-se e, tristemente, tiveram de dizer adeus. Entre lágrimas de tristeza e de alteração causada pelo vinho oferecido no jantar de despedida de solteiras, prometeram nunca se abandonarem, sempre e sempre cuidarem uma da outra aonde quer que estejam. E sabe como é, promessa Real é promessa eterna.
Dizem que hoje as princesas vivem seus dias com a lembrança de sorrisos e desvios que aprenderam com suas irmãs, dizem que uma sente falta da outra todos os dias, dizem que tudo o que ainda tem é algo que não pode ser descrito ou perdido. Dizem muitas coisas por aí, como sabem, mas a princesa mais carente, uma das únicas que ainda permanecem no Reino esperando por seu príncipe, hoje escreveu na terra onde plantaram a maior árvore do país na semana em que chegaram, algo de que nunca vai esquecer de lembrar : "na vida, quem perde o telhado ganhas as estrelas". E é assim então que prefere imaginar cada irmã que brilha longe, ou ainda perto dela, uma estrela.

Um comentário:

  1. vamos arrumar um namorado pra ultima, coitadinha!!!

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