terça-feira, 24 de maio de 2011

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Combinamos de não nos beijar mais, acho que só assim para cumprirmos isso, sendo um desafio de ambas as partes. Sim, somos orgulhosos ao ponto de abrir mão do que ser quer por um combinado. Mas volta e meia, nossos olhares se encontram e eu quase quebro isso, quase me entrego. Ainda bem que fico no quase. O círculo vicioso que éramos, ainda bem que fico no quase.
Essa noite sonhei com a gente. Era real, como nos velhos tempos. Eu fugia e inventava desculpas pra te encontrar, como no comecinho, a gente passava a tarde inteira conversando, falando de sentimentos, com a intensidade que tínhamos nas noites quentes de inverno nessa cidade. Aí você me olhou e eu senti como quando estou acordada e me perco no seu olhar onde prometemos revelar a alma após o primeiro beijo, foi chegando perto e como de costume, eu tentava virar o rosto e não conseguia. Nossos lábios se encontraram e segundos depois você se afastou, voltando a me olhar, como sempre, pra ver a minha reação. Minha alma implorava que o beijo continuasse, meu corpo virou a cabeça em sinal de reprovação. Eu levantei, tentei fugir, mas me conhecendo e lendo tudo que minha alma grita no silêncio das minhas palavras, me segurou forte pela cintura, procurou meus olhos, sorriu, não aguentei e acabei sorrindo também em consentimento. Consentimento pro único beijo que me entrego realmente nessa vida, que vou sem medo, que vou além.
Tenho buscado tanto sentir essa entrega e acho que exatamente por isso não encontro. O jeito que a gente se beija é só nosso. Acho que vou passar toda minha vida buscando seus lábios, língua e saliva em outras bocas. Buscando seu jeito de segurar minha cintura e minha nuca com tanta firmeza e suavidade, do jeito livre que a gente tem de fazer amor deixando sempre claro o sentimento e que o que sentimos não é maior que a vontade de voar de ambos, do seu sorriso bem perto do meu, das suas palavras sórdidas no meu ouvido que sempre me convenciam, de tudo que você descobriu de mim mesma junto comigo, das invenções e caminhos dentro de mim que passaram a existir com a sua chegada.
Eu te amo tanto e desse jeito tão maluco. Desse jeito que me faz querer te ver voar, ser feliz por aí, assim como eu quero o ser. Desse jeito que vão passar mil anos e eu vou sentir falta da sua respiração no meu cabelo. Eu sempre vou sentir falta do seu cheiro.
O que mais doeu nesse sonho, pode ser descrito em música: "Minha alegria, meu cansaço, meu amor, cadê você? Eu acordei, não vi ninguém ao lado".

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