quarta-feira, 25 de maio de 2011

A última oração

Não sei disso de amar pela metade, nunca soube. Por isso que hoje, te amei por inteiro, ao contrário do que se diz por aí, que amor precisa de tempo, espaço e certeza, te amei por 24 horas total e completamente. Só assim foi possível ser tão eu estando tão perto de você. E escrevo só pra não esquecer!

Seu beijo molhado e mansinho e devagar como se tivesse cantando uma canção de amor dentro da minha boca. Seu olhar de homem sério que custou a conseguir encarar o meu, seu sorriso de menino bem perto do meu que surgia sempre a um milésimo de segundo de as nossas bocas se encontrarem. Vou guardar o seu abraço quente que me protegia do frio e do gelado da cerveja que eu segurava em minha mão pra não fazer desfeita a você, da sua voz cantando "não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer" junto com a música no meu ouvido enquanto nossos corpos dançavam colados. O tempo parou ali, no beijo que eu teimava em não te dar até ceder aos seus encantos e perceber que aquele seu riso de moleque poderia me levar a qualquer lugar. Quando voltei do surto de me entrelaçar nos seus lábios, amanhecia. Corremos pra praia de mãos dadas, o céu, de negro, começava a se tornar roxo, depois rosa e depois... Depois eu não vi, estava perdida no seu abraço sentados na areia nos aquecendo do frio que teimava em fazer, estava ocupada com o encontro inusitado das nossas línguas.

Uma van lotada, um beijo de despedida que não queria terminar. “Vem comigo?” “Por quê você não vem comigo?” “Ta, eu vou! Mas qual casa é mais perto?” “A sua!” “Então vamos logo pra minha casa”. Risadas e implicâncias até lá, sujar seu banheiro com a terra e a areias grudadas com cerveja na minha sapatilha e pés, escovar os dentes e eu só pensava no quanto achava fofo seu shampoo que fazia de sabonete líquido em cima da pia. Te vi vindo na minha direção, foi só isso, depois disso, não vi mais nada.

Quando saímos do banheiro pra cama, eu decidi que não poderia pensar, porque se estivesse pensando eu não faria nada daquilo, eu não estaria ali. Eu não deixaria você desabotoar os inúmeros botões da minha camisa, beijar cada parte do meu corpo delicadamente. Não estaria sorrindo quando me desse conta de que nossas roupas estavam todas perdidas em alguma canto do quarto que eu não fazia idéia, que a porta estava destrancada, que a janela não tinha cortina e que a luz do dia irradiava o quarto. Estaria dormindo, mandando você parar, me vestindo, melhor, eu estaria sozinha na minha cama adormecida. Mas era você, é você. E sei lá porquê a gente escolhe as pessoas assim, pra confiar e se entregar. Sei lá porque ter você dentro de mim pela primeira vez foi ato que já me parecia antigo, meu beijo já se acostumara ao teu e o cheiro da sua pele já se misturara ao do meu perfume doce que continuava em mim às 7h da manhã. Eu poderia me acostumar com isso, poderia e queria. Eu queria me acostumar a acordar de manhãzinha, te envolver num abraço e ter minhas mãos beijadas pelo seu sorriso, queria seus carinhos diários, nossa compatibilidade se completando, queria você pra sempre. Mas pra te ter pra sempre em mim, preferi te ter por um momento. Preferi que nossos olhos se fechassem no mesmo instante por apenas uma noite. Assim, não temos chance de nos magoar, de acabar sem fim, de não dar certo. Já deu certo. Deu certo desde o momento que cheguei naquela festa dizendo “prazer te conhecer pessoalmente” e vai dar certo, aquela noite, eternamente. “Acho que agora você perdeu a vergonha de mim neah?” e eu só consegui sorrir.

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