sábado, 22 de outubro de 2011
Irmão
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Bordada de flor
Bordados e bordéis, flores estampadas no semblante com sorrisos derretidos feito açúcar em chuva de verão. Tira-me de órbita, perco o senso, basta um toque pra que tudo desabe e meu tormento acabe: é quando encontro seu abraço dentro do meu e sinto o contorno de seus seios na minha barriga e a paz que a canção toca no rádio. Cabelos loiros se misturando no rebolar de almas e no entranhar de vidas revividas com tantas idas, vindas e além, idas sem vindas. Penso que posso passar o dia pensando no mesmo tom de olhares e textura de pele e me dou conta que já o faço há dias, e melhor, percorro com a língua cada parte do seu ventre molhado enquanto estática me aperta contra si com gemidos macios e gritos silenciados, beijo-te cada parte do corpo e perco um grande tempo nas costas que é onde encontro leito pro meu sono tardio, quando acabo, exalo cheiro de sonho e te lembro fazendo cafuné até que eu finalmente durma e não te tenha mais perturbando meus pensamentos. Acordo no meio da madrugada num pulo sentindo já a falta sua, me deparo com pés, braços e pernas perdidos um dentro do outro e nesse instante minha coxa coça e eu não sei onde ela está e muito menos onde tenho unhas para coçá-la. Jurei a vida inteira não poder conviver com coceiras, mas hoje vejo que não consigo de fato conviver com a culpa de estragar seu sonho por uma sensação boba, olhos cerrados, boca entreaberta, distinguindo quem é quem, sua mão esquerda no meu coração enquanto a direita agarra minha nuca, deve ser assolada pelo medo que eu vá embora assim como eu temo isso de ti, pernas entre as minhas e quando se mexe, causa arrepios da nuca ao dedão, vontade de começar tudo de novo, mas esqueço e te aperto ainda mais contra mim sem coragem de te acordar, estranho como mesmo de olhos fechados ainda vejo flores brotando em você e a alma inflando por tanta energia absorvida em simplicidade. Juro nunca mais te deixar ir, nunca mais te soltar, nunca mais tentar fugir e de olhos fechados tenho-me calados os sentimentos com um beijo teu que cheira a mau-hálito matinal e coração perfumado pelo tanto de vida que você tem, derreto o gelo e deixo mostras apenas o meu coração que você já possui, entrelaço meus dedos nos seus pra que a paz volte pro meu pulmão, pra que eu respire em paz, pra que nós continuemos sendo a paz que sempre persegui.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
E...
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Bordada de flor
Outro dia veio me perguntar da minha frieza, distanciamento e suposta indiferença. Eu desconversei, como sempre e achei estranho alguém esperar que eu respondesse assim, de supetão, sinceramente, de uma coisa tão íntima e abstrata. “Impressão sua”, menti. Acho que acreditou.
Mas ela não sabe que passei o resto da noite pensando no seu jeito leve de falar e na flor que sempre imagino presa no seu cabelo a cada vez que penso nela. É guria, você mexeu comigo. Não admito, claro que não, sempre tive medo de estragar o óbvio, o inexistente, prefiro manter amizades superficiais a ser levada pela intensidade. “Ela é mulher demais pra mim”, penso quando ela entra na sala de aula de salto alto e batom vermelho enquanto eu visto camisa de malha e chinelo de dedo. Mulher demais pra mim quando faz algum comentário tão pertinente ao que ouve que me assusta com sua astúcia, quando sorri inclinando a cabeça pra trás ou quando me chama pra perto de si com tanta certeza, me assustando ainda mais porque as minhas certezas são tão falhas que eu posso me arrepender amanhã de cada palavra escrita hoje.
Ela não sabe, mas me pego madrugadas adentro com o celular na mão e o número dela escolhido na agenda, só tenho que apertar a tecla verde “chamar” e pedir que ela venha ao me encontro. Não o faço, sempre deixo pra lá, sempre levanto da cama e coloco o celular na beira da janela longe da minha cama e volto a dormir pensando em seu novo corte de cabelo. Ela não sabe, mas eu sonho com ela algumas noites e tenho vontade de fazer um bilhete percorrendo todas as mãos da sala de aula elogiando a lingerie vermelha que ela vestida no meu sonho ou o abraço que ela me deu enquanto eu chorava de dor. Ela não sabe, mas é a primeira na minha lista de experiências e possíveis tentativas que eu fiz ou faria.
Outro dia ela veio me perguntar da minha frieza, distanciamento e suposta indiferença e eu tive vontade de beijá-la e assim explicar isso tudo sem pronunciar palavra, “impressão sua” , impressão sua.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
engolir
sobre sorrisos e desvios
Não ligo se você não sabe o que eu realmente quero, visto que eu também deixei de saber o que realmente quero quando te vi cruzando o olhar com o meu no meio da multidão barulhenta de fim de festa no começo da faculdade. Trocamos esbarrões no braço e a “desculpa” mais cínica que já disse e só isso foi mais que o suficiente pra que eu passasse a noite pensando em como seria o primeiro almoço em família quando nossos pais se conhecessem pra aprovar nosso noivado. E nem venha me dizer que mulheres são todas assim, eu nunca fui, pelo contrário, eu fui aquela que nunca fiquei pra ver no que ia dar.
Quando meu celular apitou pela primeira vez e seu nome apareceu no visor, tive vontade de engolir o aparelho e jogá-lo longe ao mesmo tempo. Deus, não vai me dizer que você está fazendo finalmente as coisas darem certo? Mal acreditei em palavras escritas em madrugadas bêbadas, manhãs sonolentas ou tardes embriagadas por café e livros, mal acreditei em jantares românticos, beijos encaixando, a suavidade do seus dedos frios pelo meu corpo quente. Era o final feliz que eu sempre julguei merecer.
Aí você estragou tudo. Como todo bom canalha, fez cada qualidade sua sumir com um ato impensado e eu quis morrer e sei que só não o fiz com minhas próprias mãos porque eu queria te fazer sofrer antes. Sim, mulheres são assim: amam e odeiam no mesmo dia, na mesma intensidade e com os mesmos planos, cuidado com elas, cuidado com um coração partido depois de finalmente voltar a acreditar na sinceridade de um “você é linda”.
Essa noite perdi o sono e fiquei pensando no quanto eu odeio você. E cheguei a brilhante conclusão de que eu odeio você porque você faz comigo exatamente o que eu sempre fiz com os outros, porque por mais que eu tenta te prender você escapa por entre os meus dedos feito água quando fechamos a mão. E eu te odiei tanto, mas tanto, que deixei de odiar você, eu te perdoei por cada lágrima que derramei sem que você nunca ficasse sabendo e conclui que se eu não quero mais que você triture meu coração e coma no seu próximo churrasco de turma, eu devo te falar de mim. Devo te contar dos tantos caras que gostariam de ser você e no quanto eu imagino o que você faz pra me prender tanto sem me tocar, o que você faz pra sorrir desse jeito, pra arrepiar da pontinha do meu pé até cada fio de cabelo só com o roçar da barba no meu pescoço, o que você faz? O que eu faço com tudo isso que você despertou em mim e agora eu não sei onde jogar? Eu não ligo de você não saber o que eu quero desde que mesmo sem declarar, você queira o mesmo que eu. Desde que no momento em que eu cometer a loucura de te dizer dessa coisa tão antiquada hoje em dia: sentir, você me beije e diga que sentiu minha falta a vida inteira, a mesma que eu senti de você.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Estrelas
As coisas estão andando. Eu só queria que andassem algumas mais rapidas e outras mais lentas. Queria que pudéssemos andar um pouco e conversar, só jogar conversa fora mesmo sabe? Sem flertes, bebidas e tantas piadas. Só eu e você dividindo mais segredos, rindo um pouco e depois cada um para seu canto como se tivesse sido horas de férias. Férias dessa nossa vida longe, férias do tempo que passa e não nos leva pra lugar nenhum, não nos acrescenta nada que faça palpitar nosso coração. Eu queria que pudéssemos engolir nossa presença, nossa vergonha, nossa felicidade compartilhada, hoje, eu queria qualquer coisa que não fosse o sono que me fecha os olhos e a saudade que me aperta o peito.
(texto de Smurf, com pequenas adaptações)