segunda-feira, 9 de abril de 2012

Crescemos

Crescemos. Ontem tínhamos que chegar em casa 10 da noite e saíamos com 10 reais, hoje, 10 da manhã do dia seguinte é cedo e 10 reais nem dinheiro é. Não resmungamos mais a noite inteira por não recebermos recadinho de amor no jornal da escola, não temos mais receio de falar sobre sexo ou de todas as primeiras vezes que o mundo nos apresentou e que a gente nem sabia que existia, não desenhamos nos dedos do pé enquanto reclamamos da convivência familiar. E ainda assim eu me apaixono pela nossa amizade todas as vezes que te espero na porta do Friburgo shopping e hoje me dei conta de que isso já tem mais de 7 anos. Você me viu chorando por uma unha quebrada, por brigar com a minha mãe, por brigar com meu namorado e porque eu não sabia se era ou não virgem. Eu te vi sofrer por amores não correspondidos, por distâncias de gente que morava com você, por ciúme da sua irmã mais nova. Crescemos. Suas histórias foram o meu gás pra querer passar no vestibular, suas vivências eram o meu exemplo, eu mirava em você e remava, por muitas vezes, por alguns anos. Ainda hoje, quando penso nas suas duas faculdades, pesquisas, academia e vida social fico feliz, com aquela sensação de que deu tudo certo, encho a boca pra dizer que a minha amiga dá conta do mundo inteiro nas costas e sai bem, de longe, você é uma das pessoas que mais me dão orgulho no mundo. Daqui a pouco você se forma na primeira faculdade e toda vez que penso nisso me vem na memória seu primeiro período e os mil textos que você tinha que ler nos fins de semana que passávamos juntas na casa do seu pai. Daqui a pouco a gente começa a ganhar nosso próprio dinheiro e me vem na mente todas as noites que contamos moedinha pra jogar no pinball. Você foi o que ficou do que não ficou, dividimos tantos grupos de amizade e no final, ainda nos dividimos, sobramos, nós e a nossa mania de acreditar na vida, na sorte, nas ideias, nas pessoas. Crescemos. E eu só tenho a te agradecer por mais um reencontro, por fazer valer a nossa amizade sempre, por nunca ter desistido de mim, por sempre ter acreditado nas minhas verdades, nas minhas contradições, nos meus sonhos, no amor que a gente sente. Eu só tenho a agradecer por dividir a sua vida comigo e por ser fonte de tanta admiração sempre. Eu poderia te pedir pra que permaneça na minha vida pra sempre, mas eu sei que não preciso pedir, somos certeza na vida uma da outra desde 2004 quando eu pedi seu MSN antes de ir embora do aniversário em que nos conhecemos. E o eu te amo? É pouco pra tudo que somos.

Um comentário:

  1. Quando resolvi largar tudo em São Paulo e ir pra Friburgo, não tive medo. Eu tinha uma força de sei lá eu onde e queria descobrir o mundo. Quando não encontrei amigos em Friburgo, tive receio de ficar sozinha, mas aí você apareceu na minha vida, mesmo que arquitetado pelo meu pai, e por incrível que pareça deu certo.
    Crescemos juntas, dividimos medos, dúvidas, aprendizados e derrotas. Um dia conhecemos o sexo, outro dia o álcool e dividimos e sem perceber já estávamos nos somando.
    Quando meu pai disse que ia embora de Friburgo, tive medo, e confesso que foi pela primeira vez. Colocar cada peça de roupa em uma caixa de papelão, era colocar minha história, os melhores anos da minha vida. Foi muito duro, tive medo de ir embora e não voltar mais.
    E agora já fazem dois anos, e me enche de alegria saber que eu não fui embora, só não tenho mais um espaço físico, mas meu coração, e minhas recordações e uma parte muito importante da minha vida continua lá, e pode estar certa que você faz parte dela.
    Tem razão quando diz que eu te amo é pouco, afinal, seriam poucas palavras para descrever a intensidade do que já passamos juntas nessa vida.

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