terça-feira, 24 de abril de 2012
Redenção
Foi-me revogada a chance de viver você. Acho que de todas as dores, esta é a pior. Não nos deram a chance de passar dias e dias lado a lado, do abraço tão necessário em casos de emergência, da praia juntos em plena terça de manhã antes das aulas ou do horário do trabalho. Ninguém nos deixou ficar até mais tarde, mais um pouco, dividir filmes, comentários, pesadelos, dormir abraçados de quinta pra sexta depois de uma festa chata da faculdade. A gente não teve o direito de cozinhar juntos, de olhar fotos, de admirar o céu, deitar lado a lado na cama sem vontade de levantar pro compromisso que nos aguarda. Estou certa de que todos os poucos momentos juntos foram aproveitados, cada milésimo de segundo. Estou certa de que exalei todo o amor que tinha em mim nos dois ou três dias de dois em dois meses que me permitiram tocar em seu rosto e beijar seu corpo. É pouco. De todas as dores, de todos os poréns, de todos os porquês sem resposta, sobressaindo até mesmo o fim e o conformismo com o mesmo, o pior, é o não ter direito de viver.
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