terça-feira, 10 de julho de 2012

Litoral

Lembro que no dia que você fechou o negócio da sua casa na praia ligou pra me contar, eufórico com a novidade, dizia estar falando comigo e olhando o mar, que fica de frente pra janela do seu quarto. Pode parecer infantil e até masoquista, mas ultimamente não consigo ver outra imagem em minha mente que não essa: você e ela caminhando de mãos dadas pela orla da cidade escura iluminada pelos postes do calçadão e embalados apenas com  som das ondas quebrando na praia. Gosto de te ver assim: sorrindo e olhando-a dentro dos olhos enquanto se aproxima pra um beijo, simplesmente porque o que me faz feliz é saber da sua felicidade. E esse é um nível de amor que achei que nunca fosse alcançar, mas estamos aí, cada um no litoral de um estado, segurando mãos que não as nossas pela praia, beijando bocas não tão macias, vivendo vidas que deixaram de se parecer com sonhos. Ainda assim gosto de te imaginar sorrindo, sei que está, em algum lugar, achando graça de outros bocejos, outras manias chatas, outros abraços repentinos. E sei que enquanto estivermos habitando o mesmo planeta, pra nós, há esperança.

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