sábado, 5 de dezembro de 2020

Até ontem

Ontem, mais uma vez, suas publicações apareceram pra mim sem que eu pudesse controlar e eu fiquei sem entender, mais uma vez o que estava acontecendo. Logo você que sempre me disse de respeito e cuidado para além das instituições. Logo você que sabe de mim profundamente, que conhece meus traumas e afetações esfrega em mim todas as coisas que eu não quero saber e dispara todas as dores que eu venho tentando evitar. Ontem uma parte muito bonita de mim morreu. Uma parte que acreditava que é possível ter consideração e amizade entre pessoas que escolhem não estar juntas. Uma parte que te admirava sobretudo e te via como um ser iluminado destacado da multidão.
Fiquei pensando que sua autoestima deve ta uma merda. Porque me criei assim à sua volta: entendendo tudo pra te isentar de tudo e não desfazer a sua imagem de exatidão em mim. Quase senti culpa por julgar que meu pensamento pudesse ser falta de amor. Até perceber que, até ontem, eu te pus numa redoma de cuidados e privilégios, fosse cuidando pra que você não tropeçasse num buraco num camping do Sana, fosse te poupando do apontamento dos seus próprios erros e assumindo pra mim toda a culpa que me transforma na louca dessa história (as reproduções de machismo foram atualizadas), fosse não enxergando seus últimos atos pra te conservar sendo minha mais doce memória. Até ontem, enquanto eu existisse você não estaria sozinha no mundo.
Sorte a sua que, ao que tudo indica, o que eu sinto já não importa faz tempo.


16/02/16

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