sábado, 5 de dezembro de 2020

Senhora, e agora?

Acordo com o reflexo da luz começando a entrar pela janela e você nem se move. Deitada dentro do meu abraço, linda, fazendo um bico fofo com a boca. Você fica ainda mais rosa pela manhã, eu já te disse?
Lá fora tem um mundo de coisas que eu preciso fazer, mas fecho os olhos e ignoro, só hoje. Fecho os olhos e sinto a sua respiração quente no meu peito, sem deixar de pensar na sorte que eu tenho. Tento dormir e acabo cochilando, até que você acorda, me vê e sorri. Ver você sorrir pra mim toda vez que acorda ao meu lado é meu presente favorito. A gente se abraça e eu te conto que sonhei que a gente esquiava na neve, você ri e a gente combina de viajar pra neve de novo em breve. Você faz menção de voltar a dormir, eu levanto e te digo que to indo preparar nosso café, "fica acordada".
Faço um queijo quente, um copão de café e um suco de laranja com cenoura e volto pro quarto. Você tá de bruços mexendo no celular. Senta na cama, me dá um beijo agradecendo e voltamos pros nossos celulares enquanto comemos.
- preciso estudar. - você diz
- eu também. - eu respondo
Combinamos de tomar banho, ir ao mercado e voltar pra estudar. Então a gente toma banho juntas, vai ao mercado juntas e preparamos juntas um almoço bem verde. Ou melhor, você prepara enquanto eu fico sentada te olhando e auxiliando. Enquanto cozinha, você me conta da sua avó, da sua cidade, do show que você que ir, de como foi o fim de semana passado. A gente ri, a gente ri muito de tudo. E eu te abraço por trás enquanto você ta mexendo a panela no fogão pedindo a qualquer força que tiver me ouvindo pra que você permaneça na minha vida, mesmo que eu saiba que tudo passa. Você parece ouvir meus pensamentos, vira, me abraça e diz que me ama. Me diz que eu sou o seu amorzinho, sua companheira de vida e que você ta muito feliz comigo.
A gente come e senta pra estudar. Eu paro 10 minutos depois pra fazer café. Volto e a gente fica em silêncio, lado a lado, lendo e escrevendo sem parar. É bom olhar pro lado e te ver ali imersa nas suas teorias. É bom estar imersa nas minhas acompanhada de você.
As horas se passam, anoitece, você fecha o notebook dizendo "chega por hoje" e eu digo que to terminando o último parágrafo. Termino e te chamo pra tomar uma cerveja no boteco da esquina. Você topa, mas diz que não pode voltar tarde. A gente toma banho juntas de novo. Você me ajuda a escolher a minha roupa e eu te digo pra levar um casaco porque o tempo tá virando.
Chegamos no bar e a sinuca está desocupada. É nosso dia de sorte. Você me ganha quase todas e sorri porque ama me ganhar nos jogos e eu sorrio também porque tudo bem perder pra alguém que sorri assim. A gente fica muito bêbadas, contando casos, gargalhando. Alguém começa a ficar violão e a gente chega perto da rodinha pra cantar junto. Você fuma um cigarro enquanto canta e eu queria fotografar essa cena pra guardar pra sempre. Você me chama pra ir embora e eu te peço pra ficar mais uma cerveja. Claro que você concorda. A gente volta pra nossa mesa. Te pergunto se você quer dormir lá em casa de novo, você topa dizendo que ta meio tarde pra ir pra casa. E eu rio te dizendo pra você parar de inventar desculpa que todo mundo ja sabia que você ia voltar pra dormir comigo. Você faz bico e eu te mordo. A gente paga a conta e volta pra casa. Você me obriga a tomar banho de novo e escovar os dentes ou você não vai me beijar. Eu resmungo, mas a contrapartida é eficiente então eu vou. Eu tiro a roupa e deito na cama, você coloca uma camisa listrada e me abraça.
- você é o amor da minha vida - você me diz.
- olha quem ta bêbada!
- to falando sério, sua idiota!
- você também é o amor da minha vida. Eu te amo muito.
- eu também. Bons sonhos.
- pra você também.
Dormimos.

Acordo dentro de um ônibus e forço a memória a fim de reconhecer a estrada. Estou viajando sozinha. Minha cabeça dói. Te procuro ao meu lado. Eu choro. Foi só um sonho das memórias. Eu choro mais forte. Meu coração dói de uma saudade incontrolável. A gente não existe mais. Mas sempre vai existir.



22/03/16

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