Os planos eram outros, a vida era pra ser outra, mas não foi. Não sabemos se pela crença dele de que cada um escolher seu fazer acontecer, pela crença dela de que foi o destino que quis assim ou pela minha, que é o equilíbrio entre os dois conceitos, mas isso não importa, o que vale é como está. E agora está a saudade, a nostalgia e a certeza. Agora está a distância, a barreira, a falta. Mas e depois? Me dizem que o presente é um presente, o meu foi daqueles de grego, o presente me deu de presente o aprender a viver sem.
Não digo que estou me saindo mal, aprendi a me adaptar melhor do que eu imaginava ser possível, entretanto, o adaptar-se não é sinônimo do não doer. Dói, dói cada momento que se queria um abraço e se encontra braços vazios do que se busca, dói cada meio sorriso que seria gargalhada juntos, cada confissão que se torna segredo, cada cachoeira que, se pulássemos juntos, contrariaríamos a tese de Protágoras já que o rio e as pessoas, mesmo não sendo os mesmos, teriam a mesma sensação, o mesmo sentimento, o mesmo amor.
Amadurecemos, encaramos sozinho o que suspeitávamos ser possível apenas lado a lado, conhecemos tantos mundos ao léu do nosso mundo, inventamos tanto, sorrimos, choramos, crescemos, apanhamos, ô vidinha pra gostar de nos bater. Porém estamos aqui, não estamos?
O que me convence a continuar é a esperança do andar pelo parque de mãos dadas com o coração cheio de certeza e amor (os mesmos que nos envolvem agora) gritando pra Isabel, Samuel e Pilar pararem de correr na nossa frente, o tempo há de esperar por eles como esperou por nós. Eu só torço que eles tenham tanto brilho nos olhos, tanto amor no coração, tanta compreensão nos lábios e essa certeza única de eternidade que eu tenho agora e que vai permancer além dessa vida.
Não importa o que aconteça, quantos anos passe, quantas pessoas eu conheça, quanta dor me atormente, eu nunca vou me arrepender de esperar por a gente.