segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Genética

A gente só continua perto de quem pode nos acrescentar algo. Logo, concordo com Freud, escolhemos nossos amigos quando encontramos parceiros que nos dariam herdeiros mais fortes e bem sucedidos. Mesmo quando não pensamos em ter filhos com eles, queremos o que fará de nós mesmos mais fortes e bem sucedidos, visto que buscamos nos realizar em nossos filhos e está aí tal confusão. Quando a pessoa deixa de nos oferecer filhos geneticamente favoráveis, nos afastamos dela. Sei do erro que isto é, visto que não deveríamos tratar pessoas como objetos, visto que deveríamos valorizar o algo mais e além que sempre tem pra ser descoberto quando nós, o outro, decretamos o fim. Sei que me afasto de quem não tem nada a me dar, maior seja o erro que prego nisto. E que então entendo também quando me deixam, mesmo que eu ainda tenha muito a oferecer. Talvez este seja o nosso erro total, avaliar como nada onde na verdade ainda há tudo. Talvez este tenha sido meu erro toda vez que virei as costas pra alguém quando deixei de achá-lo interessante, seja como homem ou amigo. As pessoas só nos interessam enquanto despertam algo que nem nós mesmos sabemos explicar. Que injustos somos e que injustiça há conosco. Essa de sempre cumprir e exigir expectativas que nem nós mesmos podemos alcançar. Avaliamo-nos apenas como genética mesmo na era da filosofia (mentira, a gente não tá na era da filosofia, mas finge). Eu gostaria de ter feito menos amigos pra ter perdido menos amigos, pra não ter chegado a este fim mesmo sem nunca ter tido essa conclusão. Eu gostaria de não ser ser humano, interesseiro e interessador como sou, como me fazem, como me fiz.

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