segunda-feira, 13 de agosto de 2012

memórias de um menino bobo

que bom a gente assim, juntos
você perto de mim e eu esquecendo do mundo

a maior verdade de todas é aquela que foi dita,
sem rodeios, sem medidas, sem causar ilusão à quem acredita,
ela vem crua, desnuda de vaidades,
e traz ao peito de quem escuta,
a confiança de que é feita

então me escuta, me leia
seus beijos são como cicuta
e seus braços como teia

você tem medo de que ?
de machucar o outro ou a si?
ainda há perdão, caso algo lhe entristeça
só não há tempo pra dizer que não
no pouco tempo que nos resta

a sua companhia é feito gim
e eu te bebo em goles, cada vez maiores

te vejo com os olhos de um menino
e sob o canto dos filhos de Oxum
te convido a encher comigo
os lábios com mais beijos e a boca com sorrisos

mesmo que acordado
te vejo em um sonho
coberta de nardos e afagos
com um perfume inebriante
e exalando uma beleza rara

ainda que inevitável seja a despedida
e dar de cara contra o muro talvez seja a minha sina
quase nem percebo acontecer

pois não é dor o que eu sinto
só saudade dos noites que passei em claro ouvindo seus gemidos
e contando seus sinais ao assistir você dormindo

embaraçando seus cabelos
em uma dança xamânica de dedos
os enrolando fio por fio
e assim causando arrepio

por via do descuido ou do acaso, já não sei
sei apenas que às vezes sinto medo
por não saber se eu te tenho
ou ter certeza que te perco

em seus deleites eu me banho
e pela correnteza sou levado
como se tudo fosse antes
premeditadamente armado

não me esqueça
não se perca nesses versos
nem desapareça

um mundo todo que te quer descansa em mim
embalado em uma onda de bocejos

e cada vez mais estou perdido
deliciosamente em meus desejos




(Bruno Martins Dias)

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