quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Padrão

Você ditou um padrão, construiu-o e não consigo me livrar dele, mesmo que tente, talvez não perceba. Não sei se é responsabilidade minha ou praga tua, sei que sou, hoje, em grande parte, muito de você, que me ensinou a ser mulher - embora eu ainda não tenha aprendido.
Você que tirou a maior parte das minhas virgindades - e não me refiro aqui àquelas sexuais, que me mostrou um mundo novo, que tirou meu mundo do lugar e fez rolar por aí em busca de algo que até hoje eu não sei o que é. Você que me vivenciou o desapego, que me fez possível o amor livre, que quis que eu vivesse o mundo mesmo que pra isso eu precisasse deixar de nos viver. Pode ter certeza: será sempre minha melhor saudade. Dos dias à toa, das madrugadas quentes, viagens - dias em ônibus e semanas em barracas, experiências "extra-mentais", discussões intermináveis, colo inigualável, festas - que eu desejei nunca mais acabar, broncas - que tanto me fizeram crescer, cartas, praias, danças - no silêncio da sala escura, filmes nerds, vida.
Se todos os meus amores forem como o nosso, ainda que por praga tua, vou terminar os dias com meus melhores sorrisos.

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