sábado, 31 de dezembro de 2011
2011/2012.
Como todo último dia do ano, teve praia e sol por aqui e como em todas as últimas hora pra chegada de um novo ano, teve retrospectiva emocional aqui dentro. Fiquei me perguntando o porquê de ver tanta gente odiando um ano inteiro, desejando seu fim e não entendo, não entendo como em 12 meses alguém pode ter perdido a chance de ser feliz, essa que vem todos os dias com o nascer do sol e a gente escolhe se aproveita ou não e foi assim que eu descobri qual foi o meu maior aprendizado dos últimos 365 dias. Reaprender a sentir foi muito válido, percebi que ser racional e sentir com a mente sempre não faz bem pra alma. Aprender a esperar, a aceitar, a compreender não foi nenhuma desvantagem pra convivência, principalmente quando apreendi que compreensão é se colocar no lugar do outro e pensar nas atitudes advindas de nós tendo a mesma vida, a mesma história, a mesma família. Ouvir, pensar e só depois falar pode ser quase eleito a principal característica marcante na vida que eu decidia levar. E acreditar no poder do que não posso controlar, no emaranhado que a nossa vida faz com a de cada um que a atravessa e na atração que exercemos sobre as pessoas tal qual nossos iguais exercem em nós, foi a melhor crença que eu poderia desenvolver. Mas nada, nada disso seria possível caso não tivesse entendido que tudo tem seu tempo certo, caso não tivesse entendido que o tempo certo do que queremos é de acordo com as escolhas que fazemos. Eu aprendi assim que poderia ficar sentada reclamando ou correr sem prestar real atenção buscando algo que eu nem sei o quê, a escolha seria minha, mas o tempo não seria o mesmo. A felicidade que tanto buscamos a cada dia, é uma escolha, por maior clichê que possa parecer, só eu posso escolher manter a mente elevada e o corpo de pé diante das derrotas, só eu posso decidir fazer o dia melhor quando me proporcionam 24horas de fundo do poço, só eu posso escolher pensar na melhor reação diante dos tremores, só eu posso escolher dar uma valor absurdo a dias tranquilos e pensamentos positivos, só eu posso escolher ser uma pessoa melhor mesmo com tanta gente que ainda não despertou pro verdadeiro sentido de viver passando pelo meu caminho. E foi assim, por escolha, que eu elegi 2011 o melhor ano de toda uma vida. E pra 2012, eu escolho mudar de ideia, perceber que 2011 foi só ensaio, que os próximos 365 dias foram ainda melhores.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
30 de dezembro de 2028 - Redenção
Acordo com um chute na barriga como todos os dias nos últimos 7 meses. O terceiro filho que cresce no meu ventre faz questão de me acordar todos os dias na mesma hora, talvez por fome, talvez pra me lembrar que o direito de dormir o quanto quiser me foi revogado a quase 6 anos. É cedo, nem 7 da manhã e me contento por lembrar da folga de fim de ano que consegui pra poder viajar com as crianças, saio de fininho do meio dos edredons por não ser a única dormindo e quase levo a cama nas costas. Bagunço o cabelo encaracolado do primogênito e acaricio as costas da minha menininha, avisando a hora de acordar e, ao contrário do contrasenso de sempre, sorriem me perguntando se já coloquei as formas de estrela do mar pra brincarem na areia na mochila de camping que cada um tem, mesmo com tão pouca idade.
Vou pra cozinha preparar o café da manhã e me dou por feliz: mais um ano consegui tudo que quis. A gravidez pesa meu corpo e isso me deixa desconfortavelmente alegre. As crianças colocam verde no prato diariamente sem que eu precise me descabelar pra isso, temos um jardim com girassóis e um pé de amora no quintal. Um cachorro amarelo como os meus olhos, segundo a minha caçula. Uma casa simples e confortável pra onde meus herdeiros podem voltar de suas escolas com pedagogia Waldorf e eu, do meu emprego nas clínicas que tanto sonhei. Viajamos duas vezes por ano, acampamos mensalmente e vejo pôr do sol no mar duas vezes por semana enquanto espero e assisto às aulas de natação infantil na praia. Tenho uma estante de livros enorme na sala e me orgulho por ver meu exemplo seguido com livros de contos de fada, por maior questão que eu faça de explicar a eles que o final nem sempre é feliz. Recebo abraços ao acordar e juras de amor antes de dormir. Mensagens transbordando afeto durante o dia me são comuns assim como sorrisos que vejo nas fotografias espalhadas pela casa. A consciência religiosa da minha família é alta, sem sermos beata, na medida. Respiro fundo tomada pela certeza de felicidade que vem das pequenas coisas e volto pra cama pelo corredor conferindo se as crianças acordaram.
Procurando certidões de nascimento pra viagem, encontro uma foto sua 3x4 que roubei na sua carteira a quase 10 anos atrás. Tem quase 3 anos da última vez que te vi, na fila do banco em uma cidade de praia que eu jamais esperei te encontrar. Confesso que fiquei balançada. Confesso que me segurei nas mãozinhas gordinhas entrelaçadas na minha e tirei força delas. Mas foi mais tranqüilo do que imaginei, superei você com a vida dos meus sonhos. Não vou dizer que não penso mais em você, não vou dizer que quando te vi de mãos dadas com seu filhinho, a cara da criança que eu sonhei, não balancei, tampouco que não quis te abraçar e fazer o tempo parar, feito anos atrás quando nos despedíamos na rodoviária da cidades pra onde você se mudava esporadicamente. É bom sentir que a saudade não mais assola meu peito, é bom voltar pra casa sabendo que alguém me espera, que não vou precisar mudar minha vida inteira daqui a seis meses, que a angústia no meu peito não é grande ao ponto de fazer meu coração doer diariamente. Ontem antes de deitar vi suas atualizações em uma rede social, fotos da sua família com seus pais no Natal e sorri saudosamente lembrando de todo mundo que jurou que eu estaria ali nos dias de hoje, sorri lembrando das últimas noticias suas que me deram contando da sua merecida realização profissional que tanto me fazia temer o futuro que achei que teríamos. Mas é ano novo e prefiro não pensar nisso, em você, no que eu quis, no que não quisemos e lembrar apenas dos motivos que me fizeram ir embora de vez, é neles que me apego. É ano novo e meus filhos me esperam pra viajar. É ano novo e, pensando bem, a gente seria bom juntos, mas somos melhores separados, ouvi dizer que muito amor estraga qualquer casamento. É ano novo e as mochilas estão prontas, as barracas no carro e o camping reservado. É ano novo de uma vida inteira sem a gente pela frente.
Vou pra cozinha preparar o café da manhã e me dou por feliz: mais um ano consegui tudo que quis. A gravidez pesa meu corpo e isso me deixa desconfortavelmente alegre. As crianças colocam verde no prato diariamente sem que eu precise me descabelar pra isso, temos um jardim com girassóis e um pé de amora no quintal. Um cachorro amarelo como os meus olhos, segundo a minha caçula. Uma casa simples e confortável pra onde meus herdeiros podem voltar de suas escolas com pedagogia Waldorf e eu, do meu emprego nas clínicas que tanto sonhei. Viajamos duas vezes por ano, acampamos mensalmente e vejo pôr do sol no mar duas vezes por semana enquanto espero e assisto às aulas de natação infantil na praia. Tenho uma estante de livros enorme na sala e me orgulho por ver meu exemplo seguido com livros de contos de fada, por maior questão que eu faça de explicar a eles que o final nem sempre é feliz. Recebo abraços ao acordar e juras de amor antes de dormir. Mensagens transbordando afeto durante o dia me são comuns assim como sorrisos que vejo nas fotografias espalhadas pela casa. A consciência religiosa da minha família é alta, sem sermos beata, na medida. Respiro fundo tomada pela certeza de felicidade que vem das pequenas coisas e volto pra cama pelo corredor conferindo se as crianças acordaram.
Procurando certidões de nascimento pra viagem, encontro uma foto sua 3x4 que roubei na sua carteira a quase 10 anos atrás. Tem quase 3 anos da última vez que te vi, na fila do banco em uma cidade de praia que eu jamais esperei te encontrar. Confesso que fiquei balançada. Confesso que me segurei nas mãozinhas gordinhas entrelaçadas na minha e tirei força delas. Mas foi mais tranqüilo do que imaginei, superei você com a vida dos meus sonhos. Não vou dizer que não penso mais em você, não vou dizer que quando te vi de mãos dadas com seu filhinho, a cara da criança que eu sonhei, não balancei, tampouco que não quis te abraçar e fazer o tempo parar, feito anos atrás quando nos despedíamos na rodoviária da cidades pra onde você se mudava esporadicamente. É bom sentir que a saudade não mais assola meu peito, é bom voltar pra casa sabendo que alguém me espera, que não vou precisar mudar minha vida inteira daqui a seis meses, que a angústia no meu peito não é grande ao ponto de fazer meu coração doer diariamente. Ontem antes de deitar vi suas atualizações em uma rede social, fotos da sua família com seus pais no Natal e sorri saudosamente lembrando de todo mundo que jurou que eu estaria ali nos dias de hoje, sorri lembrando das últimas noticias suas que me deram contando da sua merecida realização profissional que tanto me fazia temer o futuro que achei que teríamos. Mas é ano novo e prefiro não pensar nisso, em você, no que eu quis, no que não quisemos e lembrar apenas dos motivos que me fizeram ir embora de vez, é neles que me apego. É ano novo e meus filhos me esperam pra viajar. É ano novo e, pensando bem, a gente seria bom juntos, mas somos melhores separados, ouvi dizer que muito amor estraga qualquer casamento. É ano novo e as mochilas estão prontas, as barracas no carro e o camping reservado. É ano novo de uma vida inteira sem a gente pela frente.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Encontro.
Era pra ser só um encontro. Um desses muitos que você costuma ter. Sim, muitos e disso eu tenho plena convicção. Você é um homem de muitas mulheres, não sabe o que quer, eu sei. A gente não contava com a sorte do nosso azar. A gente não contava com as diversas maneiras que o sentimento pode surgir, a gente não vê quando o amor acontece e por isso não sabe como acontece. Mas sem isso de amor logo agora que está tudo dando certo. Logo agora que tivemos química, conversa e música boa pra embalar nossos amassos. Não olha agora que se você me pegar te olhando pode colocar tudo a perder, não olha agora pras nossas semelhanças, pros nossos segredos, pros nossos casos comuns. Me deixa aqui sendo só mais um dos seus muitos encontros enquanto você passa a noite pensando em mim. Me deixa aqui sendo só mais uma enquanto você passa o dia me procurando. Me deixa entrar na sua vida sem que a gente perceba, porque perceber é possibilidade de fuga. Unha feita, vestido comprado, cabelo preso, lingerie de renda, salto, delineador, batom, arranhões, nudez, cabe;o bagunçado, descalça, maquiagem borrada, batom manchado. Me deixa aqui no que era pra ser só mais um encontro.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Redenção
Não vá dizer meu nome se acaso ela te ligar na hora que você costuma dormir só pra desejar que você tenha bons sonhos e se ela te olhar atentamente e pedir que você conte alguma coisa sobre você como se fosse o assunto mais importante do mundo como eu fazia, "cuidado também. Não vá pôr tudo a perder, bem agora que encontrou uma menina direita, capaz de oferecer o paraíso".
Não vá dizer meu nome se ela também fizer piada com tudo que você fala. Se ela insistir em te encher de cuidados enquanto você tenta dizer que não precisa deles ou decidir ficar acordada vigiando seu sono durante uma crise alérgica caso você piore feito eu fazia sem que você soubesse, não vá dizer meu nome.
Não vá dizer meu nome se ela imitar meu despertar pra te mandar mensagem no celular de madrugada quando souber que você tem que, contrariadamente, acordar cedo demais. Se ela ouvir suas reclamações pacientemente ou imitar suas gírias e trejeitos pra te fazer rir esquecendo as preocupações, por favor, não vá dizer meu nome.
Não vá dizer meu nome se ela procurar seu abraço durante a noite ou se te acordar beijando suas costas acreditando que a cabeça dela nasceu pra recostar ali feito a minha certeza. Caso ela perca horas analisando seus pêlos loiros, curvas, sabores e expressões e ainda, se você perceber que ela, como eu, perde toda a vergonhas, todos os receios, todos os medos quando seu corpo adentra o dela, não vá dizer meu nome. Mesmo que ela confesse que você é o cara por quem ela mais sentiu tesão na vida ou que certas coisas ela só faz com você, coisa que eu nunca tive coragem de dizer, não se confunda, não vá dizer meu nome.
Não vá dizer meu nome caso ela, ao invés de dar chilique, te chame num canto e diga que, embora não goste de alguma atitude sua entende que é seu jeito, se ela tiver assunto e paciência pra virar a madrugada conversando e assistindo vídeos idiotas na internet sem roupa, olha lá! Se ela discutir o mesmo assunto contigo um milhão de vezes e sempre encontrar novos argumentos pra rebater seus novos conceitos, se deitar no seu peito sorrindo dizendo que não aguenta mais conversar sobre isso e cinco minutos depois recomeçar a falar, não vá dizer meu nome.
Não vá dizer meu nome se ela também acreditar em tudo que você diz, se ela te pedir que fique mais um pouco, que desenhe mais um tempinho o corpo dela com a sua língua. Se ela resolver esperar meses por um abraço teu ignorando qualquer marmanjo que insiste em ligar ou ir até a sua casa pedir uma chance enquanto você nem sonha com essa possibilidade, não vá dizer meu nome, presta atenção!
Não vá dizer meu nome se ela confessar saudade ainda quando estão juntos, se ela começar a escrever diariamente sobre você como maneira de te guardar pra sempre, se tentar te fazer entender que você pode ir e viver qualquer coisa assim como ela, justamente por ter certeza que os caminhos de vocês vão sempre se cruzar por mais surreal que você ache que isso é, "faça qualquer coisa". Tente recordar um funk que te façar gargalhar, "morda o lábio forte, planeje o dia de amanhã, futuque uma pereba, feche os olhos e tape os ouvidos e grite "lá,lá,lá" ou tente me esquecer. Só não vá dizer meu nome.
(Baseado no texto "Não vá dizer meu nome" do lindo do Gabito Nunes).
Não vá dizer meu nome se ela também fizer piada com tudo que você fala. Se ela insistir em te encher de cuidados enquanto você tenta dizer que não precisa deles ou decidir ficar acordada vigiando seu sono durante uma crise alérgica caso você piore feito eu fazia sem que você soubesse, não vá dizer meu nome.
Não vá dizer meu nome se ela imitar meu despertar pra te mandar mensagem no celular de madrugada quando souber que você tem que, contrariadamente, acordar cedo demais. Se ela ouvir suas reclamações pacientemente ou imitar suas gírias e trejeitos pra te fazer rir esquecendo as preocupações, por favor, não vá dizer meu nome.
Não vá dizer meu nome se ela procurar seu abraço durante a noite ou se te acordar beijando suas costas acreditando que a cabeça dela nasceu pra recostar ali feito a minha certeza. Caso ela perca horas analisando seus pêlos loiros, curvas, sabores e expressões e ainda, se você perceber que ela, como eu, perde toda a vergonhas, todos os receios, todos os medos quando seu corpo adentra o dela, não vá dizer meu nome. Mesmo que ela confesse que você é o cara por quem ela mais sentiu tesão na vida ou que certas coisas ela só faz com você, coisa que eu nunca tive coragem de dizer, não se confunda, não vá dizer meu nome.
Não vá dizer meu nome caso ela, ao invés de dar chilique, te chame num canto e diga que, embora não goste de alguma atitude sua entende que é seu jeito, se ela tiver assunto e paciência pra virar a madrugada conversando e assistindo vídeos idiotas na internet sem roupa, olha lá! Se ela discutir o mesmo assunto contigo um milhão de vezes e sempre encontrar novos argumentos pra rebater seus novos conceitos, se deitar no seu peito sorrindo dizendo que não aguenta mais conversar sobre isso e cinco minutos depois recomeçar a falar, não vá dizer meu nome.
Não vá dizer meu nome se ela também acreditar em tudo que você diz, se ela te pedir que fique mais um pouco, que desenhe mais um tempinho o corpo dela com a sua língua. Se ela resolver esperar meses por um abraço teu ignorando qualquer marmanjo que insiste em ligar ou ir até a sua casa pedir uma chance enquanto você nem sonha com essa possibilidade, não vá dizer meu nome, presta atenção!
Não vá dizer meu nome se ela confessar saudade ainda quando estão juntos, se ela começar a escrever diariamente sobre você como maneira de te guardar pra sempre, se tentar te fazer entender que você pode ir e viver qualquer coisa assim como ela, justamente por ter certeza que os caminhos de vocês vão sempre se cruzar por mais surreal que você ache que isso é, "faça qualquer coisa". Tente recordar um funk que te façar gargalhar, "morda o lábio forte, planeje o dia de amanhã, futuque uma pereba, feche os olhos e tape os ouvidos e grite "lá,lá,lá" ou tente me esquecer. Só não vá dizer meu nome.
(Baseado no texto "Não vá dizer meu nome" do lindo do Gabito Nunes).
domingo, 25 de dezembro de 2011
Diz! ...
Diz mais uma vez que não sente minha falta, que não sente falta do meu beijo, do meu calor, das minhas idiotices. Diz que não lembra saudosamente das minhas encrencas, da minha cabeça fria, da minha falta de cobrança, dos problemas que eu criava pra mim e você adorava resolver. Diz então que não lembra mais do nosso sexo, que sempre soube que não ia dar certo, que não me quer mais, que na verdade, nunca me quis. Diz! Mas diz olhando nos meus olhos! Diz e dessa vez tenta ao menos se convencer disso, porque do jeito que sua respiração muda quando eu estou por perto não ta dando nem pra convencer você.
sábado, 24 de dezembro de 2011
Natal.
Eu não quero confessar que desfiz de toda superioridade, de cada certeza essa noite. Todo dia 25 de dezembro me lembra você. Pensei no quanto eu sou feliz hoje: mais mulher, mais madura, mais espontânea, mais confiante e percebi que você não cabe mais na minha vida. Entretanto, se é assim, pergunto-me porque você ainda cabe no meu coração, nos meus dedos, nas minhas cores. Eu não queria te ter durante o amigo secreto da família, tampouco na minha casa enquanto o sono invade minhas pálpebras e bocejos, eu não queria querer estar em qualquer outro lugar desde que fosse com você, passar a noite em claro onde só nossas bocas pudessem habitar, eu queria poder dizer que essa noite sem você foi um alívio, que eu sorri, contei histórias, impliquei com a caçula da família e ouvi os sábios conselhos da matriarca sem que seu rosto passasse sequer pela minha mente. Eu queria acreditar que é mais válido gastar dinheiro com o meu bem-estar do que com o aparelho eletrônico que você estava querendo a um tempão, e que me esparramar na minha cama a noite inteira é muito melhor do que te aturar roubando meu travesseiro durante a madrugada. Eu não queria sentir os sentimentos embolados no peito a cada minuto que passa a partir da meia noite, eu não queria acreditar que o amor existe, acho que o Natal faz essas coisas com a gente, faz o sentimento ser superior à razão, acho que o Natal nos faz desarmar, nos entregar e mesmo assim eu não queria a companhia do seu olhar no meu hoje.
Redenção - Noite Feliz
Querido papai Noel, com certeza eu posso dizer que esse ano eu me comportei bem, tentei ser uma menina sensata e só cultivar sentimentos bons. Sei que a situação financeira mundial não tá fácil pra ninguém, mas o que eu quero também não vai precisar lá de grandes quantidades de dinheiro: tem um loirinho, um que tinha barbicha e surfava nas praias do Rio, mas que agora decidiu vestir roupa camuflada e se mudar pro caos de São Paulo, não sei se você ta lembrando...Ele é um chatinho, implicante que faz de tudo pra ser o mais racional possível embora você e eu saibamos que ele tem um coração enorme. Ainda não? Ele anda arrastando os pés quando fica com vergonha, dorme na posição de um bebê, sabe todos as músicas de sertanejo e consegue ter assunto intelectual, é independente, mas sabe pedir carinho e atenção, demora um século e meio pra comer o que qualquer um comeria em 20 minutos, reclama mais que o senhor com seus tantos anos de história (só que reclamação dele é apenas combustível pra encontrar soluções) mas quando sorri, é de verdade esquecendo qualquer problema e me fazendo esquecer dos seus defeitos, tem os olhos claros feito a própria alma, não consegue ficar quieto, mas compartilha silêncios sem constrangimentos. Agora sabe? Então, sabe o coração enorme que eu te falei, eu só queria um espacinho nele mesmo que pequeno (e notável), eu só queria ele de Natal! Umas três horinhas com ele, muitos beijos, uns abraços apertados, algumas discussões sem cabimento pra renovar minha alma, pra fazer valer meu dia. Eu sei que fui uma boa menina, eu sei que eu mereço sorrir plenamente mais uma vez esse ano.
– Com amor.
(folgo em dizer que depois da realização dessa carta, eu voltei a acreditar em Papai Noel)
– Com amor.
(folgo em dizer que depois da realização dessa carta, eu voltei a acreditar em Papai Noel)
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Redenção
Eu não consegui parar de sorrir quando descobri que você vinha mesmo, gargalhei sozinha na sala enquanto via Jornal Nacional, como aquela vez que você me disse que já estava morrendo de saudade duas horas depois de ter saído do fim de semana aqui em casa. Se existe definição pra paixão, deve ser isso. Ou isso ou as vezes que eu fico acordada de madrugada te olhando dormir e vigiando sua respiração durante uma crise alérgica que te faz dormir feito pedra ao meu lado. Eu não procuro sentir, eu só sinto, sem pensar, porque se eu for pensar no tamanho da distância, no tamanho da minha raiva pelo que sinto, no tamanho da dor de cabeça que as nossas discussões me dão. Eu sinto. E esse sentir faz o meu coração disparar a cada vez que ouço sua voz, principalmente quando estou prestes a ouví-la no meiu ouvindo no meio do nosso abraço.
domingo, 18 de dezembro de 2011
Redenção
Tenho um montante completo de coisas pra te dizer e me calo. Parece que qualquer coisa que eu diga vai soar idiota, ou como cobrança, ou entendiante. Irrito-me, não éramos assim. E no instante em que penso isso, calo meus pensamentos: mudamos. Mudamos e não há nada a ser feito. Pode ser dentro da minha cabeça que tudo deixou de ser como antes, ou quem sabe, só na minha cabeça existia alguma coisa antes. Não sei, prefiro viver de lembranças a acreditar que tudo se esvaiu por entre meus dedos. Ou não. Talvez quando eu acordar eu decida viver o futuro que vem pela frente e esquecer os pêlos loiros do seu braço em volta do meu pescoço, eu espero. Eu espero que no final tudo dê certo, embora eu ainda não saiba o que é dar certo: se é passar o resto dos meus fins de semana pensando no quanto eu queria a minha respiração ao lado da sua ou os nossos olhares tão distantes, tão opostos, que nunca mais se encontrem.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Ilusão
Não vem com esse ar de que vai me convencer. Não vai. Eu não sou esse tipo de mulher que se entrega. Eu sei, eu to mesmo apaixonada e aí? Eu penso mesmo em você o tempo todo, vai fazer o que? Nada, você não vai fazer nada, porque estar apaixonada não quer dizer que eu vá me entregar, borboletas no estômago não é sinônimo de amor. Eu acho bonito, no fundo, tenho até inveja dessa gente q se ama e se tem e se cuida. Mas não funciona pra mim, não! Eu gosto do estrago, eu gosto do livre ir e vir, do pecado, do excesso. Eu não nasci pra isso de amor. De ligar toda noite, mandar mensagem, se preocupar, convidar pra estar no mesmo ambiente que os meus amigos. NÃAAO (eu grito mentalmente)! Isso não vai a lugar nenhum! Ele não é o amor da sua vida, ela não acredita em metade das coisas que ela fala. Ele não vai querer trocar a vida social dele por noites de filme com você pra sempre e daqui a um tempo você vai se questionar por que diacho está se fadando a fazer sexo com um único homem o resto da vida. Eu garanto. Pra sempre só existe nos filmes e nos livros, quando existem. Não se iludam! Ou até se iludam! No fim, eu tenho até um pouco de inveja.
Melhor
Fazia tempo que não nos víamos: o meu melhor amigo e eu. E dessa vez não foi pelo ciúme que as namoradas dele insistem em ter de mim ou por alguma discussão besta, foi mesmo pelos rumos que a vida nos dá. Outro dia, a gente combinou de fazer alguma coisa diferente numa cidade aqui do lado, eu, por saudade, ele, por insistência. Claro que eu não consegui acordar com o despertador e claro que ele teve que me ligar dando bronca por eu ainda estar dormindo mesmo ele vindo me buscar. Fiquei emburrada pela demora de praxe dele até ouvir a sua voz na sala conversando com a minha mãe e rindo de mim. Como todos os dias, “falamos algumas besteiras de quem se conhece demais”, mas decidimos conversar como a gente grande que agora dizemos ser. Não dá pra brigar por muito tempo mesmo, só o que dá pra fazer é sentar ao seu lado e contar sobre toda a verdade que sinto e começar a ver o mundo de tantas outras formas a cada nova palavra. Ao lado dele, eu sempre sinto o coração calmo e “um sono de sofá com manta” tamanha tranqüilidade. Eu não preciso fingir, ele é o único homem no mundo pra quem eu posso falar de tudo que eu penso, com quem eu posso ser eu mesma o tempo todo: ele sabe do que sou capaz, pro bem e pro mal.
A gente ri e sorri , se olha, se cuida e se sabe, nada além disso como costumam dizer. Já tivemos aquela fase de confundir amizade com paixão e de ter vontades inesperadas de “quem se ama prematuramente, mas evoluímos pra esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala "ah, enjoei, ela era meio sem assunto". Ele também ri quando eu digo "ah, ele não entendeu nada" e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai, mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase dezoito anos. Somos pra sempre”. Eu conto pra ele de tudo que eu ainda quero ser e ele me mostra tudo que eu já sou, ele acha que já sabe tudo sobre a vida e eu sempre insisto em mostrar quem ninguém sabe de nada. Sempre damos um jeito de nos surpreender, mesmo com o silêncio, que quando é compartilhado, nunca é constrangedor, sabemos respeitar a razão, a emoção e o sentir do outro.
São dezoito anos. Foi pra ele quem eu contei do meu primeiro amor, com ele que eu desci as escadas de uma instituição religiosa de bunda, com ele que assisti aula em baixo da mesa, foi ele que implicou com meu aparelho nos dentes enquanto eu reclamava do excesso de gel no cabelo dele. Foi ele que tocou uma música no violão pra mim pela primeira vez, foi pra ele que escrevi meu primeiro texto. Foi com ele que eu chorei meu primeiro grande tombo (o de verdade e o psicológico), foi ele que eu fiz questão que aprovasse meus namorados e que estivesse sempre comigo, foi ele que me disse tantos nãos e me contrariou tanto e me fez crescer tanto. São dezoito anos e ele continua tendo paciência quando eu chego falando “fiz besteira”, continua me ligando pra contar como foi o dia, continua do meu lado mesmo morando do outro lado do país. Ele já cantou pra eu dormir enquanto eu tinha medo e eu já perdi uma festa pra falar com ele no telefone quando ele tava mal. Ele me emprestou o coração dele quando o meu tava quebrado e eu emprestei o meu colo quando ele não tinha mais forças. E ele me diz que ainda acredita que o amor de verdade vai bater na porta dele enquanto eu reclamo que não consigo nem andar de mão dada com o cara que eu gosto na rua e por isso eu sofro. E de sofrer assim, me dou conta que meu melhor amigo é meu único amor. “O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo”. E ele vai comigo nas festas da minha turma de faculdade e “todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados” por sabermos que não importa o que aconteça, a gente sempre tem pra onde voltar, sempre sorrimos aliviados por saber que alguém no mundo acha graça da mesma idiotice, ou faz a mesma dancinha ridícula, ou o mesmo comentário idiota. E ele é o meu maior presente a cada nova fase, a cada novo ano, a cada nova vida, ele é o meu maior presente. São dezoito anos, somos pra sempre.
texto adaptado de "o amor" - Tati Bernardi (http://www.tatibernardi.com.br/blog/post.jsp?idPost=51)
A gente ri e sorri , se olha, se cuida e se sabe, nada além disso como costumam dizer. Já tivemos aquela fase de confundir amizade com paixão e de ter vontades inesperadas de “quem se ama prematuramente, mas evoluímos pra esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala "ah, enjoei, ela era meio sem assunto". Ele também ri quando eu digo "ah, ele não entendeu nada" e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai, mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase dezoito anos. Somos pra sempre”. Eu conto pra ele de tudo que eu ainda quero ser e ele me mostra tudo que eu já sou, ele acha que já sabe tudo sobre a vida e eu sempre insisto em mostrar quem ninguém sabe de nada. Sempre damos um jeito de nos surpreender, mesmo com o silêncio, que quando é compartilhado, nunca é constrangedor, sabemos respeitar a razão, a emoção e o sentir do outro.
São dezoito anos. Foi pra ele quem eu contei do meu primeiro amor, com ele que eu desci as escadas de uma instituição religiosa de bunda, com ele que assisti aula em baixo da mesa, foi ele que implicou com meu aparelho nos dentes enquanto eu reclamava do excesso de gel no cabelo dele. Foi ele que tocou uma música no violão pra mim pela primeira vez, foi pra ele que escrevi meu primeiro texto. Foi com ele que eu chorei meu primeiro grande tombo (o de verdade e o psicológico), foi ele que eu fiz questão que aprovasse meus namorados e que estivesse sempre comigo, foi ele que me disse tantos nãos e me contrariou tanto e me fez crescer tanto. São dezoito anos e ele continua tendo paciência quando eu chego falando “fiz besteira”, continua me ligando pra contar como foi o dia, continua do meu lado mesmo morando do outro lado do país. Ele já cantou pra eu dormir enquanto eu tinha medo e eu já perdi uma festa pra falar com ele no telefone quando ele tava mal. Ele me emprestou o coração dele quando o meu tava quebrado e eu emprestei o meu colo quando ele não tinha mais forças. E ele me diz que ainda acredita que o amor de verdade vai bater na porta dele enquanto eu reclamo que não consigo nem andar de mão dada com o cara que eu gosto na rua e por isso eu sofro. E de sofrer assim, me dou conta que meu melhor amigo é meu único amor. “O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo”. E ele vai comigo nas festas da minha turma de faculdade e “todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados” por sabermos que não importa o que aconteça, a gente sempre tem pra onde voltar, sempre sorrimos aliviados por saber que alguém no mundo acha graça da mesma idiotice, ou faz a mesma dancinha ridícula, ou o mesmo comentário idiota. E ele é o meu maior presente a cada nova fase, a cada novo ano, a cada nova vida, ele é o meu maior presente. São dezoito anos, somos pra sempre.
texto adaptado de "o amor" - Tati Bernardi (http://www.tatibernardi.com.br/blog/post.jsp?idPost=51)
domingo, 11 de dezembro de 2011
Prêmio de consolação
Eu te disse que tudo bem isso de amar pela metade se eu pudesse te ter sempre. Você, ao invés de ser O cara, preferiu ser o meu prêmio de consolação por me apaixonar mais uma vez pela pessoa errada, é incrível como, mesmo querendo ganhar sempre, na minha vida, você sempre sai como perdedor. Você poderia ter o melhor de mim, todo o meu amor, toda a minha admiração, todo o encanto dos meus sorrisos ao observar sua mania de arrastar os pés enquanto anda da cama até o banheiro feito criança. Ao invés disso, prefere que o poço mágico onde o meu sentimento caiu, seja envolto de indiferença.
Dizem que mulher, quando foge, quer ser perseguida, verdade, exceto quando fujo dos seus dedos na minha perna, ali é quando fujo querendo tirar de mim cada parte que ainda passa o dia pensando em você o que acredita que no fim, tudo vai dar em nós. Não vai.
Eu decidi hoje como quem decide com que roupa vai a um almoço de família, rápido e indolor, eu não quero me afogar sozinha, eu não quero ficar imersa em um sentimento tão doce, mas que vai me matar. Eu não quero me afogar mesmo que seja com você. Prefiro ficar com as pernas em volta da sua cintura no ir e vir das ondas pensando em uma maneira de nadar até a areia (firme e sólida) sem me arrepender, mergulhar não, me afogar não.
Você pode escolher ser o meu prêmio de consolação, mas eu não quero ser o seu, mais ou menos não me convence, não me faz suspirar, não me deixa mais leve, não me traz tormento e tampouco paz. Mais ou menos não faz minha cabeça, só enrola o meu coração. Eu não quero me afogar por um amor pela metade, mesmo que seja com você.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Amores da vida
Confesso que tive alguns amores. É, não foram poucos. Acontece que eu sinto muito e escondo pouco, logo, o fim é sempre iminente. Não reclamo. Essa foi uma das piores semanas da minha consciência amorosa e confesso: eu agradeço. Fico pensando que poderia estar em mil lugares diferentes, vivendo mil vidas diferentes da minha caso o que tivesse dado certo desse errado ou vice-versa, não deu. Não deu e hoje eu percebo que a vida que eu tenho é a que eu sempre quis ter: liberdade de ir e vir, história pra contar e um amo quentinho guardado no peito que pode explodir ou, quem sabe, acabar, a qualquer momento. E me orgulho. Orgulho-me por saber que eu fui capaz de mudar cada vida que me atravessou e que carrego comigo cada detalhe que cada um mudou em mim. Sim, porque pra ser considerado "um amor da minha vida", tem que ter me acrescentado alguma coisa. E não importa se essa coisa é aprender a andar de bicicleta na direção dos carros e não contra eles ou a quantidade de pensamento que temos que ter antes de falar, só importa que acrescente. Porque eu sempre tentei acrescentar.
Outro dia me perguntaram porque eu não me prendo e respondi que ainda não achei uma pessoa que me faça querer ser só dela pra sempre, sem olhar pro lado. Não é uma crítica, é uma constatação, que ainda espero e aproveito enquanto não vem. Eu sei do tanto de amor que meu nome exala e do tanto de amor que eu preciso e me faço satisfeita pelo que já conquistei ou estou conquistando e, mais que isso, a cada novo passo que os amores da minha vida vem me ensinando.
Rastros
E eu vou abominar cada noite ao teu lado, cada beijo, cada toque. Vou me odiar por ter amado tanto, dedicado tanto, me importado tanto. Vou correr pro mar e tentar apagar toda promessa que eu te fiz, tudo que eu acreditei que fôssemos capazes de viver. Hoje eu vejo, e vejo claramente, o quão enganada eu estava, o quanto você nunca foi o que eu desejei e o quão idiota eu fui pela idealização que eu fiz. Amanhã, quando eu acordar, eu juro, não haverá rastros seus pelo meu corpo, pelo meu rosto, pela minha vida.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Entre.
Minha pele tem seu cheiro, minha língua tem seu gosto, meu corpo, o teu contorno. Clamo pelo nosso enlace dia e noite, é o único momento em que te capto, te rapto. É o único momento em que não preciso juntar palavras, deduzia significados, implorar gestos. É só quando eu te vejo de verdade. Não, não é só sexo, eu sei diferenciar. Não tem a frieza do cópula egoísta, é repleto de arrepios e desvios que só é comum ao amor. Cantei um dia desses, "deixa eu entrar eu entrar em você, seus medos posso curar", mas tu é homem difícil, impossível de traduzir, de se deixar sentir. Te viro pra que eu posso olhar dentro do teu olho, feito a gente viu no filme outro dia, deslizo minha mão chegando ao ponto exato do seu prazer feito você me ensinou quando éramos só amigos. É nesse auge que tudo se mistura, que saio de mim pra entrar em você enquanto você habita o meu ser, é nesse auge que eu desejo parar, pra nunca mais te ver me dizendo adeus, indo embora do meu cheiro, da minha língua, do meu corpo.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Amor demais.
Saio de cara amarrada de casa e fecho a porta da cozinha nos seus gritos e insultos antes que eles se tornem irreversíveis. Acendo meu cigarro e chuto pedrinhas enquanto ando sem rumo pela cidade fria e ensolarada. Planejei cada detalhe do dia de hoje, depois de semanas viajando e procurando suas bochechas rosadas em porta-retratos de madeira em lojas de artesanato ou nas suas fotografias 3x4 na minha carteira, finalmente pude tocá-las. Chegar aonde você é nunca foi tão ruim. No começo eu achei que era saudade, que nossas bocas, por demorarem a se encontrar, tivessem que reencontrar o ritmo, que nossos corpos fossem se esquentando conforme a temperatura subisse e as nossas roupas caíssem pelo chão do seu apartamento. Não. Procurei pelo erro em sua face, em minha roupa, não encontrei. Às vezes eu queria que você fosse mais clara, que entendesse que apesar de eu ter me apaixonado pelo seu ar misterioso, eu preciso de um feed-back pra me manter de pé. Eu só quero chegar ao ponto, ao orgasmo sexual e sentimental, processual, e você insiste que eu adivinhe, faça das suas inseguranças, mingau de avó que a gente come pelas beiradas até chegar ao meio por medo de queimar a língua. Já começo a imaginar se você enjoou da minha mania de te acordar me prostrando em cima de você e te dando tanto carinho que te deixe em dúvida se acorda pra nos amarmos ou se volta a dormir embalada por meus dedos em suas costas, ou se o zelo por você que me faz enviar sms avisando que cheguei bem em casa depois do nosso encontro tenha começado a te sufocar. Não sei. Há frieza no modo como nossos corpos se encontram, como nossas almas se entrelaçam, há frieza nos "eu te amo" urrados ou sussurrados, gela meu sorriso.
Sigo chutando pedrinha deixando que este ato trilhe meu caminho. Minha vontade maior é voltar, entrar pela porta da sala e te abraçar enquanto você está desprevenida chorando encostada no balcão reclamando de mim pra uma amiga pelo telefone, te abraçar bem forte, de modo quer você não alcance mais o chão enquanto clama pelo ar que meu abraço te rouba. Não faço isso. Ouço sua voz reclamando dentro da minha mente "você nunca toma a iniciativa de nada, to cansada de ser o homem aqui" e não consigo não sorrir pela forma como o seu cenho franze e o seu pescoço roseia enquanto o diz. Meu erro talvez tenha sido esse: te amar demais. Assim vejo a beleza de cada momento, de cada erro, de cada deslize, vejo a beleza de olhar pra trás e te ver, também chorando, de braços abertos implorando que eu esqueça tudo volte pro seu abraço.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Escrevo 2
Escrevo pra sobreviver, as palavras são a minha vida. Só que só escrevo bem quando to apaixonada, deve ser por isso que eu vivo me apaixonando e desapaixonando tão depressa. Sem paixão não há dilema, não há detalhes, não há perder a hora do trabalho pra dormir mais tempo abraçado debaixo do edredon onde faz um calor insuportável, não há história. E eu preciso sobreviver.
Redenção
Porque é sempre assim: você sempre me irrita e me tira do sério, me faz perder a pose e jurar nunca mais ousar pensar em você. No final, é sempre a mesma coisa: sou sempre eu com o celular na mão e um sorriso no rosto ouvindo sua voz cansada do outro lado da linha. Até o dia em que eu me cansar. E isso não é drama ou ameaça, mas uma constatação, a gente sempre cansa, certo? Sempre cansa de gostar demais quem nos gosta de menos, se entregar demais pra quem não entrega nem um dedinho, estar de alma aberta pra quem pouco me percebe.
Não sei como cansar de você, talvez, com essa distância, seja fácil. Não atender telefonemas ou responder mensagens caso elas ocorram, não te responder em redes sociais ou entrar no seu perfil todos os dias. Não lembrar do seu rosto, do seu gosto, não desejar seu abraço todo dia antes de dormir ou contar os dias de algum dia que talvez a gente possa se encontrar.
Não, não é fácil e deve ser por isso, pelo desafio, que não desisti ainda. Chego ao nível de não me afetar mais por você, de não me importar com a sua vida, mas nunca de não sentir. De tudo, é o que você realmente fez de diferente na minha vida: reaprender a sentir.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Redenção - parênteses
Volto então um ano antes, em toda a emoção de tiros de canhão, roupas de gala e quepe trocado. Volto a primeira vez que te vi, da vergonha que senti e das borboletas dormindo no meu estômago que você despertou e vem despertando desde então toda vez que nos olhamos. Volto na mesa compartilhada, na sua foto impressa ao lado da do meu elo ali, das poucas palavras trocadas, da primeira dança, da forma como eu tentava evitar você e os arrepios que a sua mão na minha cintura me conduzindo pelo salão me causavam. Fui pra casa aquele dia com um único pensamento na minha mente: fudeu!
Posso passar então 12 meses sob meus olhos e ter uma lembrança diferente a cada dia 30. Você era só o amigo chato do meu melhor amigo que queria me pegar, ou então o que me mandava mensagem todos os dias enquanto eu reclamava da chatice do celular apitando ou o cara que eu dizia "todo mundo me ganha pela dor, vamos ver, talvez ele me ganhe pelo amor". Você é o cara que me fez arrancar a armadura e sentir, o cara que me fez dar a cara a tapa, que me fez agir sem pensar, que nunca foi nada do que eu quis pra mim e de repente eu me vi desejando tanto sem nem ao menos saber porquê.
Foi o cara que me fez achar fofo mandar mensagem avisando que chegou bem em casa, que, sobretudo, me fez pegar um ônibus pra passar um dia ao seu lado. Você sempre vai ser o cara por quem eu chorei, por quem eu lutei, o único de quem eu fui atrás. O que não precisou de joguinho pra me conquistar, que não me fez ficar apenas por querer controlar a situação. Por você eu fico por tudo que eu sinto, por tudo que eu vivo. Por mais que eu pense, não consigo medir valores de certo ou errado, de quem gosta mais ou menos, do que vai ser daqui pra frente (se é que vai ser). Porque, toda vez que eu penso em desistir, eu lembro dessa mesma hora a um ano atrás, da forma como você me olhou, do gelo que eu senti da cabeça aos pés com isso e de como eu estava certa: fudeu!
Parabéns, por um ano de formatura, muito mais que isso, parabéns por um ano que eu tento te arrancar da minha vida e não consigo.
Estrelas.
Sim, eu sou 8 ou 80, acho que isso já tinha sido motivo de briga em alguma das nossas conversas. Sou o calor de janeiro, o frio de julho, o vento que eu carrego e por quem sou carregada em pleno setembro. Falo alto, choro baixo, sorrio o tempo todo e de tudo. Sou artista, arteira, à toa, atirada, atolada, amanda. Ajo com o coração, sou cobrada pela razão e tento, embora quase sempre sem sucesso, equilibrar os dois. Grito quando deveria ouvir, me silencio quando deveria me pronunciar, gosto do mundo todo e reclamo do mundo ao mesmo tempo. Tenho opinião formada sempre, embora seja sempre passível de mudança, mudança...mudo o tempo inteiro, de humor, de cidade, de história, de amor. Por não conseguir me adaptar a um grande amor da vida, criei muitas vidas pra caber tudo que há em mim. Eu sou barulho, silêncio, eu sou uma multidão. Acredito em tudo que faço e faço por amor, mesmo que duas horas depois eu não queira mais nada daquilo.
Intensidade é meu segundo nome, ou seria distração? Não sei, realmente. Sei que de tudo que mais me dói é a decepção, não a minha, a sua. Por um mundo onde eu vivo tentando superar expectativas, triste é saber que não consigo nem cumprir a sua. Chorei escondido ontem por isso, depois cansei, cansei porque eu sei que o que nos completa são as nossas diferenças, são as nossas verdades tão diferentes que nos fazem tão iguais. São os nossos quereres, que se encontrassem um dia a tão sonhada mais justa adequação, perderia o sentido.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Carta aberta para minha mãe
Foi outro dia, lendo um texto pra um seminário na faculdade, que me peguei pensando em você. Claro, o texto falava sobre a relação mãe e filha, dissertava que quando a menina brinca de boneca na infância, é uma forma de imitar as coisas boas que a mãe faz com ela e, em contrapartida, critica o comportamento da mãe tratando a boneca da maneira que gostaria que a mãe lhe tratasse. Bem, eu brinquei de boneca até os 10 anos (sou da época em que as crianças tinham infância de verdade) e, lendo isso, me dei conta de que foi justamente quando comecei a escrever cartas por vontade própria, foi que deixei a boneca de lado.
São alguns anos tentando demonstrar em palavras todo amor que sinto, tentando te mostrar o tamanho do meu orgulho por poder dizer: "essa é minha mãe!". Você, sem dúvida, foi a pessoa com quem mais aprendi na vida, a que mais amo (e o papai também, sem ciúme!). Foi com você que dividi meu medo de cair da escada caracol da casa da sua amiga e hoje, é com você que eu divido o mesmo medo, mas agora, o medo é de cair tropeçando nos meus próprios passos. Quero te agradecer por ter tido tanta paciência comigo, em todas as minhas fases: com a criança hiperativa, a pré-adolescente dramática, a adolescente escandalosa, a adulta intensa. Quero agradecer por ter permanecido ao meu lado mesmo quando, em uma briga, eu te mandava ir embora, por nunca ter desistido quando os problemas que eu apresentava eram maiores que as soluções possíveis, por termos a liberdade de falar qualquer coisa uma pra outra. Por ter girado o mundo de cabeça pra baixo pra me ver feliz, por dar o melhor de si, mesmo quando ele estava comprometido. Por nunca ter passado a mão na minha cabeça, sempre ter falado as verdades que eu não queria ouvir mesmo sabendo que eu podia te odiar por isso. Obrigada por sairmos de cada turbilhão que é essa nossa vida de mãos dadas, como eu sempre digo "ainda bem que a gente tem a gente".
Hoje, olho pra mim e pro quanto eu cresci, me assusta não ser mais a criancinha que chora e manda chamar a mãe, não poder ir deitar na sua cama quando fico gripada ou te chamar no meio da noite porque comi demais e to enjoada, me assusta não poder tomar café da tarde e almoçar com você, não ter você pra me chamar 5 vezes até eu acordar pra aula. Andar com as próprias pernas não é fácil, entretanto, se faço isso com a tranquilidade que apresento, é graças a você que sempre me apoiou, que sempre me incentivou a ser independente, que sempre me deu suporte, que sempre esteve ao meu lado, mesmo longe, que me ensinou o que eu hoje levo como mantra "quem ama, liberta".
Quero levar a nossa relação como exemplo sempre, somos mãe e filha quando devemos ser (lembrando que às vezes o papel é invertido, te coloco no colo e te dou bronca enquanto você faz pirraça), por ser minha melhor amiga quando devia ser melhor amiga, por ser o meu maior exemplo, o meu maior orgulho, o meu maior laço com que eu realmente sou.
São vidas atrás de vida atravessando nossos limites de amor, são vidas atrás de vida nos suportando e nos dando suporte. E hoje, se eu puder ser como alguém quando crescer, quero ser como você, a mulher que me ensinou que não importa o tamanho da imperfeição que nos acometa, sempre podemos melhorar, sempre devemos querer o melhor sem nunca nos importamos com opiniões alheias, estando bem apenas com a nossa consciência.
Espero que agora você entenda porque eu faço tanta questão que hoje você coloque seu melhor vestido, vista seu melhor sorriso, faça seu melhor bolo de chocolate (chocolate sim porque eu quero comer no final de semana!), ilumine o dia de todo mundo com a sua energia e continue sendo sempre a mulher mais especial do mundo.
Te amo pra sempre!
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