Querido papai Noel, com certeza eu posso dizer que esse ano eu me comportei bem, tentei ser uma menina sensata e só cultivar sentimentos bons. Sei que a situação financeira mundial não tá fácil pra ninguém, mas o que eu quero também não vai precisar lá de grandes quantidades de dinheiro: tem um loirinho, um que tinha barbicha e surfava nas praias do Rio, mas que agora decidiu vestir roupa camuflada e se mudar pro caos de São Paulo, não sei se você ta lembrando...Ele é um chatinho, implicante que faz de tudo pra ser o mais racional possível embora você e eu saibamos que ele tem um coração enorme. Ainda não? Ele anda arrastando os pés quando fica com vergonha, dorme na posição de um bebê, sabe todos as músicas de sertanejo e consegue ter assunto intelectual, é independente, mas sabe pedir carinho e atenção, demora um século e meio pra comer o que qualquer um comeria em 20 minutos, reclama mais que o senhor com seus tantos anos de história (só que reclamação dele é apenas combustível pra encontrar soluções) mas quando sorri, é de verdade esquecendo qualquer problema e me fazendo esquecer dos seus defeitos, tem os olhos claros feito a própria alma, não consegue ficar quieto, mas compartilha silêncios sem constrangimentos. Agora sabe? Então, sabe o coração enorme que eu te falei, eu só queria um espacinho nele mesmo que pequeno (e notável), eu só queria ele de Natal! Umas três horinhas com ele, muitos beijos, uns abraços apertados, algumas discussões sem cabimento pra renovar minha alma, pra fazer valer meu dia. Eu sei que fui uma boa menina, eu sei que eu mereço sorrir plenamente mais uma vez esse ano.
– Com amor.
(folgo em dizer que depois da realização dessa carta, eu voltei a acreditar em Papai Noel)
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