Esta é parte da minha memória, do meu caminho. Parto. Parto ao meio. Parto daqui. Partir. Partir é parte. Parte é parir.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
domingo, 23 de novembro de 2014
Pra rir daqui a 5 anos de novo
(Ou: como as idiotices que ela fala me fazem feliz).
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
sábado, 1 de novembro de 2014
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
"Não vim te propor uma bela amizade, um sorvete no fim da tarde e nem um fim de história marcado por vaidade.
Vim pra te desejar alguma sorte, vim porque já voltei a ser forte e porque sei que memória não respeita pena de morte.
Vim te deixar um abraço, porque te querer bem é o melhor que eu faço e porque, afinal, já chega desse cansaço.
Vim te dizer para ficar em paz, para respeitarmos o que deixamos para trás e para propor, enfim, que a gente não se queira mal, apenas não se queira mais."
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Cebola
Você sempre será os cachinhos sentado na janela fumando un cigarro me questionando o que eu achi que seria o mundo se o tempo não existisse. E eu sempre vou sentir sua falta.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Rivotril
roubou meu medo,
roubou minhas certezas infundadas.
Você roubou minha angústia,
minha vontade de morte,
meu caminho delineado.
Você roubou minha solidão,
roubou a dureza do meu coração,
minha falta de confiança em mim.
Você me entregou meu caos
revirou minha bagunça, meu mundo, meu script
afundou meus traumas
me sorriu ao perceber a multidão que sou
Você me resignificou.
me apontou o caminho pra tudo que sou
ofereceu sua mão pra eu caminhar até lá
emprestou o teu abraço pra eu chorar por nem sempre ser quem eu gostaria.
Você me devolveu pra mim.
domingo, 26 de outubro de 2014
“aos poucos fui descobrindo que não-monogamia precisava significar fazer as pessoas se sentirem mais valiosas, e nunca menos. e que deveria estimular o auto-cuidado, e não cometer nenhum dos dois erros opostos a isso: agir de forma egoísta em relação às dependências emocionais que por ventura surgissem entre pessoas não-monogâmicas, ou agir como se essa dependência emocional não existisse, fosse desimportante, ou não fosse problema seu. se não-monogamia não podia significar ter uma obrigação com a outra pessoa, então automaticamente precisava significar que eu tenho uma responsabilidade de ajudá-la a cuidar-se, pra que jamais nossa relação se tornasse escravizante e dependente.
[...] se existe uma não-monogamia individualista, que pressupõe que minha liberdade afetiva, sexual ou romântica deve ser colocada à frente da nossa responsabilidade coletiva de construir novas formas de relação e de afeto, então no mesmo segundo eu me situarei numa então fundada ‘não-monogamia social’, oposta a esta primeira. não quero simplesmente poder me desvincular de mulheres (trans e cis) e pessoas trans que não se sentiram livres o suficiente para se relacionar comigo. quero que nossa relação seja parte de um esforço político para destruirmos conjuntamente nossas correntes.
[...] a questão é: queremos que relações livres sejam meramente relações que extrapolam para além das relações exclusivas entre pares, ou queremos que sejam relações onde questionamos os pilares da imposição, do sofrimento e da opressão relacionadas especificamente às formas como organizamos nossos relacionamentos?
[...] eu acho que eu tenho uma responsabilidade de ajudar a pessoa a construir essa relação, e que ela também pode me ajudar a construir a minha. que se existe algo de sororário e solidário a se explorar nas relações livres, é justamente este potencial de que as pessoas percebam que, não somente devemos nos relacionar, mas nos ajudar a desconstruir a monogamia. nos ajudar a construir autonomia sobre nós. nos ajudar a ter consciência de que somos, antes de mais nada, nós. e que antes de mais nada podemos ter uma afetividade, um amor e uma sexualidade que nos é própria. e tudo aquilo que o patriarcado roubou da gente, é nosso.
[...] eu acredito que estar numa relação livre não é só exigir, mas é fornecer autonomia. eu acredito que estar numa relação livre é ajudar a outra pessoa a não precisar de você.
[...] eu acredito que não-monogamia significa liberdade, mas uma liberdade real. material. plenamente física: ela acontece quando não sofremos quando estaríamos sofrendo, quando não nos deprimimos quando teríamos nos deprimido, quando sentimos compersão onde sentiríamos ciúme, quando sentimos saudade onde sentiríamos angústia.
Talvez a própria noção de “mulher ciumenta” seja problemática, talvez a noção de “ciúme” é que esteja despolitizada. Talvez se trate de parar de chamar insegurança de ciúmes, haja vista que tal uso protege a supremacia masculina, mas certamente se trata de tomar uma postura sororária em relação às mulheres que experienciam insegurança, e não de tratar o ciúmes como uma simples espinha a ser espremida pra fora de nossos corpos. É preciso abraçar estas pessoas e discutir com elas as raízes daquilo que nos está prendendo. Do contrário, estamos somente isolando quem está mais preso do que nós, e nos beneficiando dessa higienização".
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Rivotril
Pedalei pelas ruas com um aperto no peito, intrigada. Como pode alguém ser tão parte do que eu sou sem ter a menor intenção disso? Como pode alguém me ter tanto exatamente por entender que eu não sei ser de ninguém?
Sim, ainda me surpreende a forma como você virou minha vida do avesso desde que eu te disse pela primeira vez "boa tarde", ainda me surpreende cada vez que olho pro lado e te vejo pensando e gesticulando sozinha organizando algum pensamento e eu rio de você sabendo que estou exatamente aonde quero, ainda me surpreende de tal forma que desaprendi até a escrever, "fiquei burra", não consigo organizar tudo isso que sinto num texto, por que é muito, por que é de verdade, embora a verdade não exista. "Se a verdade não existe, a mentira também não", lembro de você dizer jogada no sofá com um texto na mão enquanto deito sobre você. Mas nenhum desses conceitos realmente importa, agora tudo que eu quero é que você volte pra cama e me abrace enquanto o despertador toca.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
Tomara.
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Mais uma noite (tentando dormir) com você
Nem meia hora depois que eu consigo dormir você levanta reclamando de calor e liga o ventilador. Volta pra cama e me abraça. Dormimos de novo. Quando sinto mais uma vez você se mexendo do meu lado procurando sua camisa, dizendo que vai ficar resfriada com esse vento todo em você, passo a mão debaixo do travesseiro e te dou a camisa procurada e você me olha surpresa me perguntando como eu sabia onde estava - sendo que é óbvio, já que eu que a tirei.
Te abraço de conchinha e sinto meu corpo arrepiando inteiro ao encostar em cada parte do seu , parece que agora vamos dormir. Até que começa a amanhecer, você começa a tossir e resmungar, reúno todas as minhas forças pra conseguir levantar meu corpo da cama e aviso que vou pegar seu própolis, você toma meio contrariada dizendo que eu não precisava levantar, eu finjo que não ouço, você resmunga mais um pouco e dorme.
Em pouco tempo te sinto se mexendo novamente ao meu lado tomando cuidado pra não me acordar "o que houve?" pergunto ao te ver levantar "tá abafado aqui, neah?" você justifica abrindo a janela e se perguntando o porquê de ter dormido com ela fechada, sendo que você sabe que a resposta é que teve medo que os pernilongos te atacassem durante à noite e você tivesse que levantar e correr pela casa matando um por um com as mãos (como fez antes de se deitar). Você volta pra cama, deita sobre o meu peito e eu sei que me restam poucas horas de sono.
Daqui a pouco seu celular vai tocar e você não vai ouvir o despertador, ainda desconfio que alguma vez você o tenha ouvido de fato, vou levantar pra desligá-lo e beijar seu rosto e pescoço te avisando que tá na hora de levantar. Você me abraça quase me esmagando pedindo pro mundo só mais cinco minutinhos, que sempre se estendem por quase 1 hora. Assim chegaremos desesperadamente atrasadas em todos os nossos compromissos, como é de praxe desde que você tropeçou no meu caminho e virou minha vida de cabeça pra baixo. Não me incomodo, tudo que eu penso enquanto fazemos cabaninha debaixo do seu lençol é que eu passei a vida inteira procurando paz e encontrei-a aqui, em meio ao caos que somos juntas.
De repente você decide que está morrendo de fome e levanta num pulo procurando qualquer comida que possa haver na geladeira pra beliscar enquanto prepara um café. Então, enquanto procura o filtro de papel que sempre se perde na gaveta que cabe tudo, você me pergunta se dormi bem: eu não poderia ter dormido melhor.
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
(Pablo Neruda)
à minha alma solitária e selvagem, a meu nome que todo
afugentam.
Tantas vezes vimos arder o luzeiro nos beijando os olhos
e sobre nossas cabeças destorcer-se os crepúsculos
em girantes abanos.
Sobre ti minhas palavras choveram carícias.
Desde faz tempo amei teu corpo de nácar ensolarado.
Chego a te crer a dona do universo.
Te trarei das montanhas flores alegres, copihues,
avelãs escuras, e cestas silvestres de beijos.
Quero fazer contigo
o que a primavera faz com as cerejas."
(Pablo Neruda)
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
terça-feira, 23 de setembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
fim 2
A pergunta fica ecoando na minha mente: como eu ficaria sem você? Como eu fiquei, como eu fico, como eu existo? Ainda não encontrei vida desde a sua morte. Não encontrei uma forma de continuar esse caminho que parece, mais do que nunca, não valer à pena. Queria que você estivesse aqui pra me falar mais uma vez que a vida é uma folha de papel com um ponto rabiscado e que eu to, de novo, me focando no ponto e esquecendo de tudo que ainda pode ser. Queria que você tivesse aqui pra eu chorar a sua falta no seu ombro enquanto a gente olha o mar se perguntando quando as ondas vão desfazer nossas dores junto com elas.
Acordo todos os dias planejando o mundo, tentando superar. Todos os dias a imagem do seu fim acaba comigo. Não sei mais fazer as batidas do meu coração ficarem normais, desaprendi a respirar em paz, meu corpo não sabe mais bombear o sangue nele pra que essa sensação de desmaio contínuo passe. Eu sinto como se estivesse constantemente drogada, numa bad trip, no meio de um pesadelo.
Agora eu desejo que exista outro lado, que você esteja bem e que ainda queira cuidar de mim quando eu constatar que to mesmo sozinha no mundo, como todo mundo está. Espero que nesse outro lado tenha uma cama pra mim, uma panela bem grande pra você me preparar pipoca e brigadeiro, muitas linhas enceradas pra gente fazer pulseira e você encher meu cabelo de dread de linha, montanhas pra gente subir e cachoeiras pra gente se banhar. Eu só espero que, em algum lugar, você ainda exista.
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
terça feira
terça-feira, 16 de setembro de 2014
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Entretanto, quando resolvi confiar em você, não me referia somente aos meus segredos, histórias e medos, mas o meu caminhar. Foi uma confiança que me fez esperar demais quando, na verdade, nunca devemos esperar nada,dizem que é disso que se trata o amor, afinal. Confiar em alguém é depositar no outro o que não deveria ter sido tirado de si.
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
- Nada.
- Mas você tem que querer alguma coisa, todo mundo quer alguma coisa.
- Nada.
- Você não consegue mesmo pensar em qualquer coisa que você queira fazer ou ter nesse momento?
-Não.
- Mas assim você não consegue fazer sua vida andar nunca.
-
- Qual a sensação de ficar estagnada no mesmo lugar por tanto tempo sem ter nenhum tipo de foco ou objetivo?
-
- Como você se sente?
- Nada.
terça-feira, 9 de setembro de 2014
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Quase não fico mais em casa, quando fico, é deitada no chão do meu quarto olhando pro teto e ignorando todo o barulho das pessoas lá fora, do celular chamando, da música que coloquei pra ouvir. Estas são as horas em que me deparo com os medos que resolveram transbordar, voltar, como se você fosse um escudo pra eles e de repente nada mais me protege deles. Às vezes eu tenho convicção de que eles vão me engolir. A grande questão é que eu não sei mais o que fazer com eles ou com o meu corpo no mundo. Eu não sei mais o que eu não quero (você sabe que eu nunca nessa vida soube o que eu quis, mas sempre soube enumerar tudo que eu não queria). O real motivo de eu passar tão pouco tempo em casa é que eu fico pra lá e pra cá procurando gente e lugares e qualquer coisa que tape esse buraco em mim, aquele do vazio que eu achei que tivesse curado com a sua ajuda. E eu noto que junto com todos os medos, veio o pavor de ficar sozinha. Lembro de você sorrindo e me fazendo cafuné me perguntando quanto tempo mais de autismo eu precisaria aquele dia - enquanto todo mundo criticava minha necessidade de fingir que ninguém existia e sentar num canto da sala com uma caneta, um papel e meus pensamentos - que você já estava com saudade. Eu fazia uma careta pra você parar de falar comigo, tava atrapalhando meu raciocínio e você sabia que eu queria dizer que em dez minutos eu estaria deitada em cima do seu caderno te pedindo carinho e te impedindo de copiar a matéria do quadro - que você só fingia que copiava, nunca precisou dessas convenções, eu nunca conheci alguém com uma memória tão boa e uma inteligência tão excêntrica quanto à sua. Você nunca reclamava, implicava por 58 motivos diferentes da vez anterior e gastava duas horas seguidas alisando meu braço, cabelo e costas. Você sabia que eu precisava sentir o porquê de ter um corpo nesse horrendo mundo tendo tantos outros mundos e tantos outros corpos pra habitar, tendo tantas outras vidas que eu gostava de inventar que teria estando no corpo de outra pessoa. E aí eu me sentia tão acolhida e tão feliz por você estar tão perto. Eu me sentia tão acolhida e tão feliz com a sua existência. Ninguém entendia nada. Até os nossos professores ficavam tentando explicar, mensurar e enquadrar o nosso amor. E a gente ria da cara de todo mundo, pois sabíamos que ninguém jamais conseguiria. E sabíamos que éramos pra sempre enquanto todo mundo que nos criticava se desfazia sob nossos olhos. Aquela época eu sabia de muita coisa. Hoje eu não sei de mais nada, de nada. E daí vem mais um medo. Eu sei que saber é uma necessidade besta dessa sociedade nojenta e hipócrita, mas eu me rendo e preciso. Eu preciso ter certeza de qualquer coisa, qualquer uma e não tenho nenhuma. Antes eu tinha de que a gente se teria mesmo que a se perdesse. E eu posso te dizer, embora você não esteja ouvindo, que eu queria muito te dizer que quando você chegava na minha casa sem avisar e ficava me fazendo cafuné enquanto eu resmungava de alguma coisa, foram poucos dos únicos momentos em que eu não me sentia sozinha. Eu queria ter te contado que eu só permitia os meus momentos de autismo e isolamento porque quando eu quisesse companhia eu teria você. Eu só me permitia o adeus porque eu tinha pra onde voltar.
Eu prometi que viveria por você. Mas também prometi que cuidaria de você e jamais deixaria nada te acontecer. E também prometi que cuidaria de mim e faria o que me faz bem e não o que esperam que eu faça. Eu prometi que pararia com essa onda de deixar de existir. E eu me sinto a pior pessoa do mundo, eu nunca fui boa em cumprir promessas.
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
fim
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Segunda Nuvem a esquerda!
Que faz esquina com a rua dos alienados.
No bairro das utopias.
Embaixo daquela nuvem com formato estranho.
Do lado de um gnomo insano.
Lá tem uma padaria. Padaria dos distraídos.
Lá passa um vento q tem sempre o mesmo cheiro.
E as casas tem escadas de caracol.
Tem sempre pelo ar um suspiro avulso.
Alguns sorrisos sempre despencam do céu.
Foi por lá q nasceu a maioria dos sonhadores.
Por lá passa o neutro do bem e do mal.
Por lá as pessoas ainda dão gargalhadas sem motivos.
Por lá ainda se vive.
Por lá os caducos nos ensinam
Claro q os mais caducos ensinam mais.
Agente sente primero por lá, depois pensa!
Agente ainda vive um dia por dia!
Agente primeiro vive, depois morre!
Primeiro ama, só depois sofre,
e talvez nem sofra, pq o amor por lá eh uma constante!
Por lá tá tudo certo.
Como chegar?
zzZZzzzzZZZzz"
Bateju
Eu fico pensando no tanto de coisa que eu queria te dizer sem conseguir formular. Ao mesmo tempo sabendo que você sempre soube tudo sobre mim, eu sempre te disse que você é a pessoa no mundo que mais podia ferrar minha vida e era verdade: você estava presente em 90% dos momentos mais importantes da minha vida desde que a gente tinha 11 anos, não sabia o que era beijo, amor, responsabilidade, dor. Mas, exatamente por saber, você nunca usou nada contra mim, taí uma das milhares de coisas que você me ensinou: jamais usar a fraqueza do outro com ele (a não ser que a fraqueza seja ter medo de ter o nariz roubado), jamais encontrar justificativa pra entregar alguém. Ontem, no seu velório, a cada vez que eu abraçava alguém eu lembrava de uma história sua muito boa "esse é o tio que ele contava das noites de acampamento, com quem aprendeu tudo de camping que me passou", "essa é a menina por quem ele se apaixonou de verdade a primeira vez", "eu já fui pra um cachoeira com esse garoto uma vez junto com ele", "aquele filme que eu vi, foi ela que indicou pra gente", "eu nunca mais vou conseguir ouvir essa música sem ele", "essa menina também aprendeu a fazer pulseirinha com ele", "eu chorei 5 dias abraçadas com você quando esse cara me deu um pé na bunda". Entre tantas coisas que não cabem escrever ou não consigo formular. Ontem, eu e nossos amigos sentamos numa mesa do lado de fora e ficamos contanto todas as histórias suas que lembrávamos e a gente riu muito, porque você é um idiota sem tamanho que só fazia a gente rir o tempo inteiro. E meu coração doeu demais - e ainda dói - porque eu olhei pro lado procurando seu olhar pra rir comigo e não achei, porque eu fiquei procurando algum abraço que me livrasse de tanta tristeza como o seu sempre fez e não encontrei em lugar nenhum. Por que ninguém conseguiu me abraçar e falar "calma, baleia, vai passar e eu to aqui", porque ninguém sabia que você tinha ficado do meu lado quando ninguém tinha ficado, que eu costumava te dizer que você era o que tinha ficado do que não ficou e que eu te amo tanto por ter ficado, eu te amo tanto por você ter me deixado ser sua amiga, eu te amo tanto por você ter dividido sua vida comigo, eu te amo tanto por você ter ido como herói, como alguém que todo mundo amava, mesmo sem entender muito, porque você também nunca entendeu muito as minhas escolhas e também me amava. Eu te amo tanto e na minha cabeça, toda vez que eu te via, inacreditavelmente sem vida dento daquele caixão, eu tinha que me segurar pra não te abraçar e te agradecer por tudo, queria te dizer pra levantar logo dali que o susto já tinha sido o suficiente e eu que eu nunca mais vou implicar com sua barba estranha ou com sua demora pra revisar cachinho por cachinho antes de sair, nunca mais vou zangar com você, por favor, Bateju, levanta, acorda, diz pra mim que eu to dentro de um pesadelo, vem aqui, começa comigo de novo, com a gente com 11 anos correndo pelo pátio da escola e você me derrubando no chão me fazendo ralar o joelho, vem ser pré-adolescente rebelde, vem cantar los hermanos comigo, vem me ensinar a montar uma barraca e me levar pra subir todas as pedras da cidades. Vem ver o pôr do sol no mar e sempre molhar o tênis, vem tomar caixote e dividir uma prancha com mais 8 pessoas que também não sabem surfar, vem me dar bronca porque eu falo palavrão demais,vem dizer que vai ficar tudo bem.
Obrigada. Te dizer adeus foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. E agora preciso aproveitar tudo por mim e pela pessoa que me ensinou a amar cada sensação que natureza pode proporcionar, viver por dois.
domingo, 10 de agosto de 2014
Rivotril - você aqui
Mas...qual a graça do meu sorriso quando você não está aqui?
Agora que você está aqui eu vivencio o não precisar dormir tanto, viver com a cara enfurnada numa tela de computador, ter tanto tempo livre, decidir e ser sozinha. Não preciso ter medo de ser eu mesma, tampouco de querer dividir tudo que sou com alguém. Agora que você está aqui eu mudei minha concepção de relacionamento, de futuro, de certeza. Agora eu tenho espaço pra ser o melhor de mim, tenho tempo pra viver os melhores tempos que o mundo pode oferecer. Agora que você está aqui a minha vida é linda, a minha tristeza é passageira, a minha desilusão é ilusão. Agora que você está aqui eu finalmente fecho os olhos e sigo tranquila, porque mesmo quando você vai embora, ainda está aqui.
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
"Era para ser por uma noite apenas. Esse foi o combinado. Passaríamos uma noite juntas e depois cada uma seguiria sua vida. Seria como um experimento para você ver o que sentiria indo para a cama com outra mulher.
Mas um segundo encontro aconteceu, e você então avisou que não conseguiria passar a noite inteira dormindo numa mesma cama. Explicou que estava acostumada a dormir sozinha, que era uma mulher muito grande – coisa que eu já sabia –, que se mexia muito e que, por isso, com todos os namorados e amantes antes de mim havia feito um acordo: acabada a farra, um dos dois deveria sair.
Expliquei que tinha uma enorme capacidade de compartimentar a mim mesma e que facilmente me adaptaria a um pedacinho de cama, qualquer que fosse ele, e argumentei também que ao contrário dos homens com quem você já havia se deitado – uma turma que eu agora odiava – eu era uma pessoa pequena e que poderia acabar com esse seu zigue-zague nortuno. Você foi irredutível, e explicou que não suportaria uma noite maldormida: passaria para o sofá assim que a brincadeira acabasse.
Mas durante pelo menos seis meses não houve tempo para que você saísse da cama porque quando a gente se dava conta já era dia, a brincadeira não havia terminado e ninguém tinha dormido. Só que quando finalmente voltamos a dormir – porque não há organismo que consiga sobreviver a tantas noites em claro, ou emprego que se perpetue nessas condições de abobamento e sono – você ainda assim não saiu da cama.
Você então começou a me falar sobre como tinha dificuldade para se entregar, confiar e aceitar comprometimentos sérios. Tudo ia bem entre a gente, mas não havia da sua parte nenhuma intenção de exclusividade. Você disse que não via o mundo desse jeito careta, nunca tinha sonhado em entrar na igreja vestida de branco para ser entregue por seu pai a um outro homem e, mesmo agora, apaixonada por uma mulher, não via sentido em se fechar em um relacionamento. Havia, você argumentava, muitas outras pessoas com as quais talvez ainda gostaria de se deitar. Tinha apenas 27 anos, você dizia, e não conseguia começar a pensar na possibilidade de terminar comigo suas experimentações. E, afinal, não seria essa uma das grandes vantagens de um relacionamento homossexual?, você ponderava. Justamente a capacidade de quebrar convenções e tradições em nome de liberdade e honestidade e de uma verdade tão cara e rara?
Eu, fingindo ser uma mulher madura e bem resolvida, concordava com tudo. Era isso mesmo, eu dizia: seríamos um casal aberto à vida e ao amor e a novas paixões. Era exatamente isso o que eu buscava e desejava e estava muito feliz por ter encontrado alguém que via a vida e o mundo com a mesma lente revolucionária que eu. Abaixo a caretice, eu bradava. Que grande alegria e sorte, eu dizia, poder viver um relacionamento moderno e transgressor ao seu lado.
Eu, uma mentirosa
Mas a verdade é que não era absolutamente isso o que eu queria. O que eu queria mesmo era baixar um decreto-lei que eliminasse da terra seus ex-amantes, castrasse candidatos futuros – homens ou mulheres – e obrigasse você a passar o resto de seus dias ao meu lado. Era exatamente isso o que o animal que me habitava gostaria de fazer. Acho que se você pudesse ter alguma noção da caretice que me habitava e da falta de lucidez que me inundava teria começado a correr e nunca mais parado.
Mas por sorte consegui me manter sã e continuar a mentir sobre minha maturidade; a diferença de dez anos entre a gente exigia que fosse assim. Era, entretanto, apenas uma questão de tempo até que você sacasse a pessoa inadequada e incapaz com quem estava se deitando. Quando lembrava disso, conseguia até ficar feliz imaginando que muito em breve nosso relacionamento estaria terminado, invadido por outros amantes e desejos.
Pensar assim me deixava de certa forma aliviada; conseguir perpetuar a imagem de mulher forte e bem-sucedida em sua mente não era uma ideia ruim. Porque, se passássemos mais tempo juntas, você inevitavelmente descobriria que eu era uma pessoa que não saía de casa, que detestava aglomerações (exceto aquelas que envolviam o Corinthians), abominava calor, samba, praia, megashows tipo Lollapalooza e dormir tarde. Uma quase quarentona que não sabia fazer pagamento de contas pela internet, lembrar de senhas ou aplicar dinheiro e que, por isso, gastava tudo o que havia, até porque como jornalista essa não era uma tarefa para muitos dias. Alguém que sentia profundo tédio quando escutava as palavras cartório, reconhecimento de firma, autenticação, junta comercial, e que, por isso, fingia que essas coisas não existiam. Um ser humano cujas especialidades se resumiam a fazer baliza, adivinhar a hora e lavar a louça do jantar. Uma esquisita que se sentia feliz entocada em casa durante um fim de semana de sol lendo Eça ou Machado ou Proust ou Doistoiévski, e que preferia dias frios e chuvosos a quentes e de sol. Também não demoraria para que você percebesse que eu era aquela que, numa festa, ficava involuntariamente isolada, aquela que não sabia dançar ou cantar; alguém, portanto, com a ginga social de uma criança de 4 anos. Então, antes que tudo isso viesse à tona, a chegada do novo amante salvaria minha imagem – embora fosse, ao mesmo tempo, me atirar às trevas.
Mas os meses viraram anos e os anos viraram uma década e você nunca mais saiu da minha cama. Desde aquela primeira noite nada mudou na nossa paixão, a não ser a doentia voracidade sexual que nos transformava em vampiros – o que foi bom para que pudéssemos manter empregos e algumas amizades. Aos poucos, minha máscara foi caindo e você não pareceu se importar. Nunca tratamos de exclusividade, mas esse outro amante tampouco surgiu. Construímos algumas casas, arrecadamos duas cachorras, fomos morar fora do país. Pessoas importantes partiram, outras chegaram, e, diante de tanta dor e de tanto prazer, nosso relacionamento ganhou muitos músculos. Até hoje a gente diz que se ama, e faz amor sem hora marcada, e faz nheco antes de se levantar, e se protege do mundo dançando na sala.
Estava pensando em tudo isso na noite passada, quando uma viagem de trabalho afastou você de mim por alguns dias. Que sentido tem a casa sem você? Ou a vida sem você? Ou as flores sem você? Ou eu sem você? E então um troço doido me passou pela cabeça. É que talvez seja hora de mudar algumas coisas, de cruzar uma outra fronteira, de dançar um pouco mais na cara do preconceito. Por isso eu queria perguntar: você quer casar comigo? ' (Milly Lacombe)
Rivotril
A casa amarela é pequena(mente) aconchegante e a maior parte do tempo passado dentro dela é sobre uma cama, de onde você pode facilmente ficar observando um singelo mural de ideais pregados na parede de um armário (se você ficar olhando muito tempo pr'aquelas imagens e dizeres pode ser contaminado por eles, o que também te exige certeza do que está fazendo). Pra entrar na casa, é preciso deixar, mesmo sem perceber, toda a armadura e medos do lado de fora, como se ao atravessar o portal, fossem dissipados todos os artifícios usados diariamente pra parecer ser melhor do que realmente se é junto com as roupas do corpo. Lá dentro você não precisa de nada além de tudo que você é. É o lugar mais confortável do mundo, um recanto pra alma. Cada detalhe, cada cheiro, cada objeto guarda uma indicação pra felicidade, guardam um pouco da magia de finalmente ser, de sentir.
E no meu vocabulário, a palavra mais bonita que existe é "sentir".
Com a casa de paredes amarelas eu descobri que pra magia existir é preciso fé, entretanto ela é palpável.
E agora dizer adeus pr'aquela casa é também dizer adeus pra uma parte de mim onde só habita felicidade, é descolar do meu mural de ideais uns sonhos tão lindos que nem parecia possível imaginar. É preciso ter uma força que eu não tenho. Só com mágica eu conseguiria acabar com tudo isso. E toda mágica que eu conheço está presa entre aquelas paredes.
terça-feira, 5 de agosto de 2014
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
quinta-feira, 31 de julho de 2014
- Olha mãe, eu não sou nem uma coisa, nem outra, porque nada é definitivo na vida. Você pode dizer que eu seja bissexual, porque não fiz minha escolha ainda. Um dia posso gostar de um homem como, no outro, gostar de uma mulher. Então, não fique preocupada com isso."
(Cazuza)
quarta-feira, 30 de julho de 2014
terça-feira, 29 de julho de 2014
(A menina que roubava livros)
"Algumas pessoas passam por sua vida, outros a acompanham até que não lhes seja mais possível, outro estão mais perto do que parecem.
(...)
(“Uma especialista em ser deixada pra trás.”) - UMA DEFINIÇÃO NÃO ENCONTRADA NO DICIONÁRIO - Não ir embora: ato de confiança e amor, comumente decifrado pelas crianças.
(...)
Como a maioria dos sofrimentos, esse começou com uma aparente felicidade.
(...)
Não resmungou nem gemeu nem bateu com os pés. Simplesmente engoliu a decepção e optou por um riso calculado - um presente dela para si mesma."
(...)
Mas, afinal, será que é covardia reconhecer o medo?
(...)
Este é um pequeno fato. Você vai morrer.
(...)
"Não me façam feliz. Por favor, não me saciem nem me deixem pensar que alguma coisa boa pode sair disso. Olhem para meus machucados. Olhem para este
arranhão. Estão vendo o arranhão dentro de mim? Estão vendo ele crescer bem diante dos seus olhos, me corroendo? Não quero ter esperança de mais nada"
sexta-feira, 25 de julho de 2014
sábado, 19 de julho de 2014
(E aí percebo que a história que quero contar não é sobre a mesa, tampouco o barranco. É sobre a queda). Imediatamente, começo a me segurar em tudo que está sobre a mesa, tudo é fraco demais pra aguentar meu peso, até mesmo aquela panela de barro pesada que está fechada e não sei o que tem dentro, tento até as cadeiras em volta da mesa, nada. Surge a ideia de me segurar pela toalha, minha última esperança. Nada. Além de não me segurar, tudo que há nela vai caindo em cima de mim, quanto mais eu me seguro, mais coisas caem em mim. E eu não desisto de segurar em tudo que não me dá apoio, insisto em carregar comigo tudo isto que não faz diferença, só pesa. Quando me toco disso, solto. Abro os braços e vou caindo junto com caldos quentes, vidros quebrando, facas "tirando fino" de mim. E eu não me importo porque alguma coisa me diz que vou cair em uma nuvem quentinha e macia. E se eu cair no concreto e me esborrachar, tudo bem também, eu já caí.
E é exatamente assim que é estar apaixonada por você.
terça-feira, 15 de julho de 2014
sexta-feira, 11 de julho de 2014
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Daqui de dentro em direção à você, digo.
Uma ligação com uma possibilidade de não ser o que você esperar, me tira do eixo, me dá falta de ar, taquicardia.
E eu me pego segurando o choro porque eu te amo demais, mas nunca vou ser só o que você espera, pois há um punhado de coisas que eu também espero que eu seja, de mim, pra mim.
E parece tudo tão incompatível até que você esteja por peto.
Meu coração agora dói e se questiona, mas sei que quando abrir a porta do seu quarto e sorrir pra mim, nada no mundo mais vai importar, nem o que eu sinto.
E, talvez, esse seja o nosso maior problema.
06-03-14
Ontem
No fim, a vida é sempre escolher ficar ou ir, sair ou entrar, esquecer ou permanecer.
Meus dias são sempre sobre você.
A sua falta ou os excessos que me atormentam e enlouquecem.
Sobre aprender a lidar, me reencontrar sem te perder.
E não importa o quando eu nade, sempre volto pro nosso oceano, meu lugar preferido e cômodo.
Esquecendo que acomodar é ruim.
Como sempre eu volto e cedo aos teus encantos.
E volto pro teu canto criando espaço na sua confusão pra desorganizar a minha bagunça.
Dessa vez reconhecendo o caos, as dores, dificuldades e contradições e ainda assim,
querendo querer.
22-04-14
quarta-feira, 2 de julho de 2014
terça-feira, 1 de julho de 2014
Cebola
Desde que você foi embora, eu nunca mais quis ter filhos.
Quando canso desse jogo idiota e me recomponho, você me manda uma foto com um texto que te escrevi no inverno passado perguntando se eu ainda vou te amar quando amanhecer. Sabe o mais patético? Não importa o quão longe eu tenha chegado sem você, eu sempre volto pra segurar a sua mão.
"Sim, eu vou te amar mesmo quando a gente deixar de respirar"".
- Só por um momento sentir o amor que dizem sentir por mim como uma pessoa normal.
domingo, 29 de junho de 2014
sábado, 28 de junho de 2014
Redenção
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Fui feliz
o mundo precisa de histórias felizes
Temos que partir da premissa que realmente não nos conhecemos muito bem. Conhecer a nós mesmos envolve esclarecer todas as maneiras pelas quais somos controlados pela nossa mente auto-centrada. Isso significa que temos que descobrir nossas identidades e crenças mais básicas, observar nossas estratégias típicas de comportamento e talvez, mais importante de tudo, nos familiarizar com nossos medos.”
"Você é a minha terapia".
terça-feira, 24 de junho de 2014
Cebola
domingo, 22 de junho de 2014
Fui feliz
quarta-feira, 18 de junho de 2014
terça-feira, 17 de junho de 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
derrota
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Melhor
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo convivendo com tantas perguntas que o tempo não respondeu e com a ausência de qualquer garantia de que ele ainda responda. É me sentir confortável, mesmo entendendo que as respostas que tenho mudarão, como tantas já mudaram, e que também mudarei, como eu tanto já mudei.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo sentindo que cada vez mais eu sei cada vez menos, e não saber, ao contrário do que já acreditei, pode nos fazer vislumbrar uma liberdade incrível, às vezes. Tem saber que é nítida sabedoria, que fortalece, que faz clarear, mas tem saber que é apenas controle disfarçado, artifício do medo, armadilha da dona autosabotagem.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo percebendo que a minha vida não tem lá tanta semelhança com o enredo que eu imaginei para ela na maior parte da jornada e que nem por isso é menos preciosa. É me sentir confortável, cabendo sem esforço e com a fluidez que eu souber, na única história que me é disponível, que é feita de capítulos inéditos, e que não está concluída: esta que me foi ofertada e que, da forma que sei e não sei, eu vivo.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir. É me sentir confortável, mesmo sentindo uma saudade imensa de uma pátria, aparentemente utópica, onde os seus cidadãos tenham ternura, respeito e bondade, suficientes, para ajudar uns aos outros na tecelagem da paz e no desenho do caminho.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. Estarmos na nossa própria pele não é fácil e essa percepção é capaz de nos humanizar o bastante para nos aproximarmos com o coração do entendimento do quanto também não seria fácil estarmos na pele de nenhum outro. Por maiores que sejam as diferenças, as singularidades de enredo, as particularidades de cenário, não nos enganemos: toda gente é bem parecida com toda gente. Toda gente é promessa de florescimento, anseia por amor, costuma ter um medo absurdo e se atrapalhar à beça nessa vida sem ensaio.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da palavra seguinte. É me sentir confortável o suficiente para caminhar pela vida com um olhar que não envelhece, por mais que eu envelheça, e um coração corajoso, carregado de brotos de amor
escrito Ana Jácomo, declamado por Gabrielle Cardo, sentido ilimitadamente por mim.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Café com leite
universidade federal fluminense, quase 5 anos depois, numa terça aparentemente qualquer.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
domingo, 25 de maio de 2014
quinta-feira, 22 de maio de 2014
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Hoje, meu barco passa pelo seu, mas nunca paro. Tem dias claros de céu azul que passo horas olhando pro mar e querendo fazer parte dele, virar peixe, talvez te esquecer. Então lembro do pavor que é o mar à noite. Sem outra opção, me vejo contando estrelas. E lembro das tantas noites que vimos virar dia assim. Não navego mais à sua deriva. Mas seu barco ainda é porto onde quero chegar.
domingo, 18 de maio de 2014
E até agora eu não sei se isso é uma carta de amor.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Ela disse que a cada nova semana se apaixona por uma novava pessoa. Desde então me pergunto como não me apaixonar ainda mais por ela a cada dia. Nada me convence.
segunda-feira, 5 de maio de 2014
Vida, esta eterna disputa por território.
domingo, 27 de abril de 2014
Não é porque eu te amo
quinta-feira, 17 de abril de 2014
quarta-feira, 16 de abril de 2014
Agora
segunda-feira, 14 de abril de 2014
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Pensamentos etílicos
"Depois é o lugar onde não se chega nunca".
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Ponto de fuga
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Vô
Vô, te amo, te cuido, te sinto e te presencio. Todos os dias.
domingo, 30 de março de 2014
SAWABONA
SAWABONA!!!
Há uma "tribo" africana que tem um costume muito bonito.
Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e o rodeia. Durante dois dias, eles vão dizer ao homem todas as coisas boas que ele já fez.
A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom. Cada um de nós desejando segurança, amor, paz, felicidade. Mas às vezes, na busca dessas coisas, as pessoas cometem erros.
A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro.
Eles se unem então para erguê-lo, para reconectá-lo com sua verdadeira natureza, para lembrá-lo quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele tinha se desconectado temporariamente: "Eu sou bom".
Sawabona Shikoba!
SAWABONA, é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer:
"Eu te respeito, eu te valorizo. Você é importante pra mim"
Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA,que é:
"Então, eu existo pra você"
SAWABONA! SHIKOBA!
sábado, 29 de março de 2014
Vazio - folha em branco
terça-feira, 25 de março de 2014
meu
Não sei aonde, com quem ou fazendo o que você está agora. Tem mil coisas que eu queria te dizer. E outros tantos abraços que eu queria te dar. Mas isso não importa. Só o que eu espero e desejo é que no fundo de tudo isso você ainda sinta tanto quanto eu. Que eu ainda caiba em você e na sua vida. Que na eternidade existente, tenha algum espaço pra nós.
domingo, 23 de março de 2014
quarta-feira, 12 de março de 2014
Do outro lado do muro
Aqui do outro lado do seu mundo, eu destruí muros, eu venho construindo escadas que ainda não sei muito bem aonde vão dar, mas todo dia pego minha pá de pedreiro, um pouco de cimento e construo um novo degrau. Uns ficam tortos, em alguns coloco pétalas de girassóis, outros eu usei lágrimas ao invés de água misturada no cimento. Chove forte aqui desse lado de cá e eu fiquei alguns bons meses sem sair de casa com medo da chuva, depois usava capa, galocha e guarda-chuva, hoje eu saio com o nariz apontado pro céu recebendo toda água, acabei descobrindo que ela lava minh'alma. É difícil não ter a quem recorrer quando algo do mundo se quebra, quando uma parte de mim se quebra, quando eu acabo quebrando alguém, fico perdida sem sua mão grande e gorda pra me guiar, ou só pra ficar horas me dando bronca pelo que já aconteceu e não adianta mais.
Um dia desses quebrei meu cofrinho e comprei uma escada, dessas que se usam em obras, quis colocar encostada no muro pra ver se do meu mundo eu enxergo o seu. Mas, como se houvesse uma parede energética bloqueadora, não consegui sequer me aproximar do muro, não consegui subir sequer um degrau, não consegui te ver. Depois desse episódio foi uma longa semana onde a chuva forte se confundia com o tanto de lágrimas que escorriam não só pelos meus olhos, mas por cada palavra que saía da minha boca, por cada gesto, por cada passo, todo meu corpo se mostrava complacente com o seu bloqueio.
Tem dias que eu acho que vou desmoronar. Mais noites do que dias, admito. Tem vezes que eu acho que não vou dar conta, mas lembro que ninguém nunca dá. Lembro das nossas longas conversas enquanto você dirigia pros lugares que eu ansiava pra conhecer, de você cobrar um beijo e um abraço todos os dias antes de dormir, das suas ligações pra saber aonde, com quem e por que eu estava. Lembro dos seus bilhetes deixados na embalagem de cada presente e que acabou se perdendo por aí. E da sua voz. Sobretudo da sua voz. Luto contra o tempo e contra a minha péssima memória pra não esquecê-la. No meu mundo a sua voz só diz que sou seu maior orgulho, que você me ama e que nunca vai se chatear comigo. Eu acredito. Aprendi a acreditar em mentiras, inclusive nas que eu conto. Daqui desse lado do muro, eu sento e espero todos os dias nem que seja por 10 minutos, tem todo o amor que você merece te esperando pra receber.
"Pode ser que daqui a algum tempo, haja tempo pra gente ser mais".
segunda-feira, 10 de março de 2014
Questione
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Talvez
Você não merece o que eu sinto por você, nem eu. Tudo que dói, tudo que contradiz, tudo que foge da liberdade de poder ir e vir sem dor, sem desespero, sem querer abrir o zíper nas costas e sair de mim, não me cabe. E eu continuo querendo ter as suas medidas. Dói. E eu choro. Dessa vez não grito mais, não soco paredes, não ando de um lado pro outro, só deito na rede e vejo mais um cigarro se desfazendo, só choro baixinho me perguntando porque entre tantas perguntas que existem no mundo a única que não me vem resposta é a que eu mais preciso, a que eu mais desejo. Talvez as minhas lágrimas te encontrem e te digam o que não consigo. Talvez seja só mais uma noite em que dou voltas em volta de mim mesma e não chego a lugar nenhum. Talvez me assusta. Você me assusta. Talvez.